O Governo espanhol vai realizar em Janeiro um transvase de água entre o Tejo e o Guadiana para poder alagar o Parque Tablas de Daimiel (Ciudad Real), uma Reserva de Biodiversidade, e combater fogos subterrâneos na zona.
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A medida foi aprovada em reuniões de emergência lideradas pelo Ministério do Ambiente espanhol, depois de nos últimos dias se ter confirmado a situação de risco elevado em que se encontra o parque, onde lavram incêndios subterrâneos desde Agosto e devido à seca profunda.
Josep Puxeu, secretário de Estado da Água, confirmou que foram já dadas instruções para acelerar as obras para instalação de um sistema de tubos que permitam levar a água do Tejo para as Tablas de Daimiel, localizado próximo da bacia do Guadiana.
As autoridades chegaram a estudar outras alternativas, incluindo o uso de hidroaviões, para alagar a zona, outrora um espaço onde existiam lagos e pântanos e que progressivamente tem vindo a perder humidade, desviada desde a década de 1960 para regadios.
A UNESCO ameaçou já Espanha que poderá retirar a classificação de reserva dada à zona em 2011, altura em que reexaminará a situação nas Tablas de Daimiel.
A degradação nas Tablas de Damiel já tinha levado o Governo, no ano passado, a realizar um transvase de 20 hectómetros cúbicos de água entre o Tejo e o rio Ciguela, que deveria conduzir a água ao parque.
Porém, dos 20 hectómetros enviados estima-se que apenas um tenha chegado ao parque, perdendo-se o resto por infiltrações.
Agora, a alternativa é de realizar um transvase directo do Tejo ao parque, realizando obras de cobertura das zonas mais permeáveis do rio Ciguela.
Estima-se que actualmente, e só para conseguir apagar os incêndios no subsolo seriam necessários 15 hectómetros cúbicos de água.
Para canalizar a água, deverá ser utilizado um sistema de fornecimento que estava a ser construído do Tejo para abastecimento.
Ainda assim, alguns especialistas admitem que mesmo alagando a zona, os fogos subterrâneos podem não desaparecer.
Quem conhece a zona, admite que sofreu mudanças dramáticas na última década.
Os antigos lagos e pântanos do parque - e a flora e fauna a eles associados - praticamente desapareceram e hoje esta zona, próximo de Ciudad Real (a sul de Madrid), está seca e em risco de desaparecer.
Períodos de alguma recuperação aquífera - especialmente depois de secas profundas nos anos 80 - não resolveram o problema estrutural de fundo: a falta de água. O problema só se acentuou a partir de Agosto, quando começaram os fogos subterrâneos.
Guardas florestais e especialistas de solos e florestas espanhóis confirmam que está em risco todo o subsolo do parque formado ao longo de 300 mil anos, o que arrastaria consigo o que resta da importância ecologia da zona.
O problema dos fogos deve-se à rápida secagem do que é o alimento vegetal de todo o parque. Sem humidade e com gretas na terra que o alimentam de oxigénio, entra em autocombustão.