<p>Especialistas em incêndios florestais defenderam esta terça-feira uma maior restrição às autorizações de queimadas, principal causa dos fogos dos últimos dias.</p>
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Os incêndios são "normais para época porque houve um período longo de chuvas e as pessoas não tiveram oportunidade de fazer queimadas", disse à Agência Lusa o investigador do Departamento Florestal da Universidade de Trás-os-Montes, Hermínio Botelho.
Alertando para a necessidade dos agricultores deixarem de fazer queimadas, Hermínio Botelho adiantou que as entidades públicas que as autorizam, como os bombeiros, deveriam ser "mais restritivas nas autorizações".
O investigador considerou que os incêndios nesta altura do ano não têm a mesma gravidade dos que ocorrem no Verão devido à dimensão, mas sublinhou que a situação poderá "complicar-se" porque os valores da combustão estão a ficar baixos, principalmente nas regiões Norte e Centro, associados ao vento forte.
O especialista afirmou também que é necessário um reforço dos meios e elevar o nível de alerta da protecção civil para que as forças consigam intervir com maior rapidez.
Também o presidente do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, Domingos Xavier Viegas, disse à Agência Lusa que o dispositivo ainda não está todo no terreno e os reforços acabam por "não ser eficazes" porque há incêndios em vários pontos dos país e é difícil "estar ao mesmo tempo em todo o lado".
"No Verão um incêndio com as mesmas circunstâncias poderia ser rapidamente combatido e resolvido, mas agora podem tornar-se complicados", salientou o especialista.
No entanto, ambos os investigadores destacaram as melhorias introduzidas no dispositivo quanto à capacidade de resposta e de intervenção, além das técnicas utilizadas no combate aos fogos.
Além das queimadas, Domingos Xavier Viegas atribuiu também a origem dos incêndios dos últimos dias à vegetação que cresceu devido às chuvas que caíram, sobretudo em Janeiro.
"Estamos muito dependentes das condições meteorológicas. Com a chuva, cresceu a vegetação, que é aquela que agora está disponível para alimentar estes focos de incêndio", frisou.
Os dois especialistas não conseguem antecipar o que vai acontecer no Verão, uma vez que tudo "depende das condições meteorológicas".
"É muito cedo. Os incêndios no Verão dependem da meteorologia e não do que vem de trás", disse o investigador da Universidade de Trás-os-Montes.
Por sua vez, o investigador da Universidade Coimbra disse que é "difícil" fazer uma antecipação, mas adiantou: "Se entrarmos já num período de seca, vamos ter um ano catastrófico" em incêndios florestais.
Desde quinta-feira passada que o número de incêndios diários tem sido superior a cem e domingo foi o dia com maior número de fogos este ano, 177.