Um clube de praia como quartel-general, um dormitório para 200 pessoas, barcos insufláveis e uma carrinha de comida orgânica por dia fazem parte da mega-operação que a Greenpeace montou em Copenhaga, para acompanhar a cimeira sobre o clima.
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São efusivas as saudações ao fim da caminhada de vinte minutos que separa a última paragem de autocarro e os portões do clube de praia Halvandet, onde está instalado o quartel-general da Greenpeace em Copenhaga.
Por entre a neblina e o vento gelado, surgem as faixas amarelo-forte, muitas bicicletas, barcos insufláveis e carros de patrulha cheios de polícia. "Exigimos um bom tratado!", gritam do fundo da rua dois activistas chegados do Japão.
Apesar dos sorrisos de quem faz o check-in à chegada, Halvandet não é um sítio agradável no inverno. Situado num dos extremos a noroeste do porto, o conhecido clube fica na margem oposta ao centro da cidade, mas permite um acesso rápido em barcos insufláveis.
"Essa vantagem trouxe muitos desafios logísticos", explica Markus Semrau, coordenador-geral dos voluntários. Com uma estatura nórdica, o dinamarquês usa um gorro preto a cobrir a melena e tem um olhar cansado, mas mantém o bom humor.
"Tivemos de arranjar sistemas de aquecimento, chuveiros, montar a fábrica de faixas, preparar a cozinha, arranjar uma frota automóvel, 150 bicicletas, três insufláveis, sistemas de segurança e um dormitório para 200 pessoas com camas militares", descreve.
O mais complicado foi montar a cozinha e conseguir os alimentos. Markus olha para o fundo da sala onde os voluntários cortam vegetais e sorri: "Temos de preparar diariamente comida vegan [sem qualquer produto de origem animal] para cerca de 300 pessoas, o que significa uma carrinha de comida orgânica por dia, pois não está amplamente disponível no mercado. Na Greenpeace somos os primeiros a ter cuidado com o que compramos. O café e o chá que se tomam em Halvandet são orgânicos e certificados pelas organizações de comércio justo."
Além do quartel-general, existem outros locais de abrigo não divulgados e armazéns. No dormitório, os activistas dormem por turnos e num pequeno palanque uma equipa ensaia sketchs com máscaras de marionetas de Barack Obama e Angela Merkel, que serão apresentados na manifestação de hoje.
Na sala de convívio central de Halvandet, estão afixados planos de trabalho por equipas. Os sofás e as mesas estão vazios. Uma música de fundo e faixas de outras conferências conferem ao clube um aspecto de caixa-forte ambientalista.
*agência Lusa