O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), defendeu, esta segunda-feira, em Fátima, ser "fundamental" que "haja transparência na apresentação das propostas e absoluta honestidade na sua execução política".
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"Seria insuportável para o país se enveredássemos pela lógica imediatista e pela apresentação de promessas enganadoras e ludibriadoras da real situação em que nos encontramos" afirmou D. Jorge Ortiga.
No discurso de abertura da assembleia plenária da CEP, que decorre em Fátima até à próxima quinta-feira, o Arcebispo Primaz de Braga referiu-se aos tempos que se avizinham, que vão exigir "homens e mulheres à altura dos desafios que se colocam à nossa sociedade".
"É importante que nas campanhas eleitorais se debata o estado da sociedade portuguesa com ideias claras e propostas autênticas que visem solucionar os problemas estruturais do país (analfabetismo, desemprego, trabalho precário, fraca produção industrial, corrupção, burocracia, pobreza...)" considerou o prelado.
Para o presidente da CEP "confrontar a nobreza desta função (política), com a incoerência ética, muitas vezes evidenciada pelos políticos, cria em muitos cidadãos a desilusão e o descrédito perante a classe política que nos vem governando". E sustenta: "não é correcto ceder à tentação de condenar, indiscriminada e genericamente, os políticos e as instituições democráticas. Mas é preciso dizer bem alto que a política tem de ser uma vocação de serviço e nunca uma via carreirista de promoção pessoal". Segundo D. Jorge Ortiga, a situação actual "exige uma consciência mais apurada do sentido do bem comum e da sua primazia em relação aos interesses particulares partidários, sectoriais ou corporativos".
"A gravidade da crise aconselha uma ampla congregação de esforços no sentido da sua superação. Encontrar soluções de consenso alargado (estruturas políticas e forças da sociedade civil), mesmo para além das maiorias parlamentares, contribuirá para reforçar a confiança e esperança dos cidadãos. Esta congregação de esforços e a disponibilidade sincera para obter consensos alargados reforçará certamente a credibilidade externa da sociedade portuguesa no seu todo".
Afirmando que "a Igreja em Portugal não pode fugir à responsabilidade histórica de dar o seu contributo para que a actual crise possa gerar uma nova cidadania, assente na participação, na verdade e na fraternidade", D. Jorge Ortiga lembrou que "são muitos os domínios da vida pública que precisam da firme intervenção dos cristãos na denúncia de tudo o que coloca em causa o equilíbrio social". E apelou ao reforço da ajuda aos que mais precisam.