Jerónimo de Sousa diz que críticas não devem ser apenas dirigidas ao "figurante" Miguel Relvas
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, afirmou, este sábado, que as críticas sobre a privatização da RTP não devem destinar-se apenas a Miguel Relvas, pois o ministro é um "figurante" cujas ações são concertadas com o primeiro-ministro.
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"Trata-se de uma operação inaceitável e única na Europa" levada a cabo por "um Governo muito determinado e que vai escondendo os seus atores, mas que é da responsabilidade do primeiro-ministro e do Governo", disse Jerónimo de Sousa, a propósito do objetivo de privatização da televisão pública.
O dirigente comunista falava aos jornalistas após um discurso de mobilização aos militantes comunistas que estão a ajudar a preparar a Festa do Avante, com início marcado para a próxima sexta-feira, na Quinta da Atalaia (Seixal).
"Não podemos centrar toda a nossa crítica em Relvas. Relvas é um figurante e resulta de uma política que está concertada com o primeiro-ministro", sublinhou, acrescentando que há uma série de contradições neste processo.
Jerónimo de Sousa salientou que "é preciso combater a privatização da RTP, seja sob a forma de concessão ou de privatização" e observou que o próprio Presidente da República "manifestou preocupações" sobre o assunto.
Cavaco Silva afirmou este sábado que não tem conhecimento de qualquer proposta oficial sobre o futuro da RTP e apelou a "muita ponderação e bom senso" na análise do caminho a seguir, por se tratar de um tema "muito sensível".
Jerónimo de Sousa destacou que o Governo não esperava uma reação tão ampla da parte da sociedade portuguesa contra a entrega da televisão pública a privados, mas sobre eventuais divergências entre os parceiros de coligação, considerou que "o CDS protestará, fará um ou outro arrumo, mas irá sempre ao sítio".
O líder centrista e ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, afirmou hoje ao jornal Expresso que, em matéria da RTP, "vai ser preciso fazer um esforço para recuperar o sentido de compromisso que o PSD e o CDS demonstraram quando negociaram o programa do Governo".