Quase dois meses após o ataque que dizimou a redação do "Charlie Hebdo", em Paris, o semanário satírico francês regressa esta quarta-feira aos quiosques.
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Em entrevista à Lusa por telefone, a desenhadora Corinne Rey, sobrevivente do atentado de 7 de janeiro, disse que os desenhos da próxima edição foram escolhidos na sexta-feira passada.
A cartoonista de 32 anos, conhecida como "Coco", preparou "uma coluna sobre o processo DSK (Dominique Strauss-Kahn) em Lille", o mediático julgamento do antigo diretor do Fundo Monetário Internacional que enfrenta a acusação de proxenetismo agravado.
Como a redação ficou reduzida depois do atentado, em que foram assassinados alguns dos principais nomes do jornal, como os históricos Cabu, Wolinski, Charb e Tignous, o "Charlie Hebdo" recorreu "à ajuda de outros desenhadores" como, por exemplo, Pétillon, do semanário satírico "Canard Enchaîné".
Visto tratar-se de "um jornal em que se desenha sobre as notícias da atualidade", as páginas do próximo número também contam com desenhos sobre os ataques de 14 de fevereiro em Copenhaga: o primeiro contra um centro cultural onde o cartoonista sueco Lars Vilks - que, em 2007, tinha desenhado o profeta Maomé com corpo de cão - participava num debate sobre liberdade de expressão e o segundo contra uma sinagoga.
Tal como a "edição dos sobreviventes" que saiu a 14 de janeiro - uma semana após o atentado - a nova edição, a número 1179, foi preparada numa sala do diário "Libération", mas a redação do jornal satírico deve mudar-se "dentro de algumas semanas".
A cartoonista não revelou o novo endereço do jornal, mas pensa que a morada não será segredo, até porque "há as cartas dos leitores, os assinantes".