Os jornalistas da Antena 1, reunidos durante a tarde desta quinta-feira, em plenário de Redacção exigem que a direcção de informação da estação "retire, de imediato, consequências claras das contradições internas e da forma como foi gerido" o 'caso Rosa Mendes'.
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A reunião que durou cerca de quatro horas e meia e que contou com a participação de cerca de dois terços da Redação da RDP , incluindo as delegações das ilhas, Porto e Faro em vídeo-conferência, aprovou por unanimidade uma moção de cinco pontos, que começa por condenar "a forma desastrosa e lamentável como foi conduzido o 'caso Rosa Mendes', que permitiu arrastar no tempo suspeitas sobre a ética, honorabilidade, rigor e isenção de todos os profissionais da redação da RDP ", segundo o texto a que a Lusa teve acesso.
Sobre o episódio que esteve na origem da polémica, constituído pela suspensão das rubricas semanais do programa "Este Tempo", a Redação exige que a dirceção de informação, João Barreiros e o seu adjunto, Ricardo Alexandre, responda em plenário de jornalistas a todas as dúvidas até ao cabal esclarecimento do assunto.
A Redação considera ainda que o conselho de redação da estação "foi desrespeitado ao ter sido confrontado com duas versões contraditórias sobre os mesmos factos", uma avançada pelo director de informação, João Barreiros, a outra apresentada pelo seu adjunto, Ricardo Alexandre.
"Os jornalistas da rádio pública recusam qualquer tentativa de silenciamento ou censura", termina a moção no seu quinto e último ponto.
De acordo com fontes da Redação à Lusa, o director de informação e o director-adjunto estiveram presentes no início do plenário, tendo depois saído para "uma reunião com a administração" cujo motivo não foi esclarecido.
O jornalista Pedro Rosa Mendes lançou a suspeita sobre a administração da RTP do exercício da "mais pura censura" por ter decidido acabar o programa na Antena 1, "Este Tempo", que estava no ar há dois anos, em reacção a uma crónica em que Rosa Mendes lançou fortes críticas ao programa da RTP 1 "Reencontro", emitido no dia 16 de Janeiro a partir de Luanda, e que contou com a presença, entre outros, do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e do chefe da Casa Civil da presidência angolana, Carlos Maria Feijó.
Perante esta denúncia, a ERC disse à Lusa que estava "a acompanhar a situação" e que iria encetar "diligências para ouvir directamente todos os intervenientes no caso", o que aconteceu, no caso dos responsáveis de informação da RDP , João Barreiros e Ricardo Alexandre, no dia 31 de Janeiro. Foram ainda ouvidos Rui Pêgo, director de Programas da RDP , e Luís Marinho, director-geral de Conteúdos de RTP.
Também a comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação aprovou a audição do director de informação da Antena 1, João Barreiros, e do director da programação, Rui Pego, para prestarem esclarecimentos sobre o fim da rubrica em que participava o escritor e jornalista naquela estação de rádio. Posteriormente, decidiu ainda chamar Luís Marinho e Pedro Rosa Mendes, por iniciativas respectivamente do PSD e do PS.