O número de imigrantes permanentes nos países da OCDE baixou, em 2008, pela primeira vez em cinco anos, situando-se nos 4,4 milhões, revela um relatório da organização.
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A análise geral sobre migração internacional de 2010, apresentada hoje, quarta-feira, em Lisboa, refere que a "imigração legal de tipo permanente baixou 6% em 2008 [...] após cinco anos de aumento médio de 11%" e estima que o decréscimo dos fluxos continuou em 2009.
O número dos trabalhadores temporários imigrantes baixou também na ordem dos 4%, tendo chegado aos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) nesse ano 2,3 milhões de trabalhadores.
"A imigração de trabalho temporário foi dos primeiros canais de imigração a ser afectado pela recessão económica", refere o relatório.
Jean-Pierre Garson, responsável da divisão de migrações internacionais da OCDE, que apresentou o relatório, disse aos jornalistas que os países que registaram mais quebras foram os que receberam mais imigrantes em anos anteriores.
"O decréscimo foi significativo em países que receberam muitos imigrantes nos últimos cinco ou seis anos como a Irlanda, a Espanha e o Reino Unido, foi menos significativo nos países que receberam menos imigrantes nos últimos 10 anos porque a sua situação económica não era boa", disse.
Jean-Pierre Garson lembrou que "imediatamente antes da crise houve um aumento da imigração por razões laborais com vários países a registarem aumentos deste tipo de imigrantes associados ao desenvolvimento económico".
O responsável alertou para o perigo de alguns discursos políticos poderem gerar sentimentos de racismo e xenofobia em relação aos imigrantes, apontando como positivo o exemplo de Portugal, onde os assuntos relacionados com a imigração não são usados para conseguir votos.
"Apesar da crise, é importante que os governos se lembrem que precisam de mais imigrantes no futuro para resolver o problema do envelhecimento da população e como força laboral para sustentar o crescimento económico", disse.
Imigração estável
Rosário Farmhouse, alta-comissária para o Diálogo Intercultural, disse que os dados dos imigrantes legais revelam que a imigração para Portugal está estável.
"Os imigrantes têm esperado que a crise passe e que a nossa economia melhore porque nos seus próprios países de origem a situação também está muito complicada", disse, salvaguardando a situação dos brasileiros que estão a regressar por verem no Brasil novas oportunidades.
Os imigrantes representaram mais de um terço das novas entradas no mercado de trabalho (39%).
Em 2008, cerca de metade dos imigrantes que procuraram um país da OCDE fixaram-se na Europa, um terço na América do Norte, 10% no Japão e Coreia e 8% na Austrália e Nova Zelândia.
Em termos de países de origem, a China representa 10% dos fluxos migratórios para os países da OCDE, seguida da Polónia, Índia e México.
O relatório dá ainda conta dos crescentes fluxos de estudantes internacionais, considerados "fonte potencial" de trabalhadores imigrantes "altamente qualificados", que mais do que duplicaram entre 2000 e 2007, situando-se nos dois milhões.