O papa Bento XVI defendeu domingo a família "formada pelo casamento indissolúvel entre um homem e uma mulher" perante "outras formas de vida em comum", numa mensagem audiovisual nos VI Encontros Mundiais da Família, que terminaram no México.
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Bento XVI, que recusou viajar até ao México por razões de saúde, devido à altitude da capital, mais de 2.200 metros, concluiu oficialmente o encontro das Famílias ao intervir em directo por videoconferência desde o Vaticano.
A missão "educativa da família tornou-se difícil por um conceito enganoso de liberdade, no qual o capricho e os impulsos subjectivos do indivíduo se exaltam ao ponto de deixar cada um fechado na sua própria prisão", declarou o Papa, perante mais de 20.000 católicos, reunidos na Basílica de Guadalupe, principal edifício religioso dedicado à Virgem na América Latina.
"Pela sua função social essencial, a família tem o direito a ser reconhecida na sua identidade própria, e não confundida com outras formas de vida em comum", disse o Papa numa primeira mensagem.
Ao longo dos Encontros Mundiais da família, que se iniciaram quarta-feira, os intervenientes sublinharam o compromisso da Igreja na defesa da família tradicional por oposição à estrutura monoparental e à união homossexual.
"Uma experiência homossexual deve continuar uma relação privada, numa relação de amizade", declarou o cardeal Ennio Antonelli, presidente do Conselho pontifical para a família, na abertura deste encontro mundial, onde a presença do presidente conservador mexicano Felipe Calderon, fervoroso católico, suscitou críticas da esquerda do seu país em nome da laicidade do Estado.
O aborto e o casamento homossexual são contrários à vontade expressa por Deus, relembrou o arcebispo tanzaniano Polycarp Pengo.
"Quanto ao aborto, é uma grande tristeza que as pessoas decidam separar a relação sexual do amor verdadeiro, contrariamente à vontade de Deus", insistiu.
Domingo, o discurso de Bento XVI suscitou lágrimas de emoção na assistência, estimada em cerca de 6.000 fiéis dentro da Basílica e mais de 16.000 no adro da igreja, revelou a Arquidiocese do México.
O representante do papa, do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, abençoou os milhares de alianças agitados pelo público.
Estes foram os primeiros Encontros da Família a decorrer na ausência do papa, desde a sua fundação por João Paulo II em 1994.
O México, onde 88 por cento dos cerca de 105 milhões de habitantes são católicos, conta com cinco milhões de mães solteiras, e a capital federal, México, legalizou o aborto, o divórcio "simplificado" e a união homossexual.