Os pilotos de linha aérea e de aviação ultraleve consideraram esta sexta-feira alarmante e com consequências "incalculáveis" a situação do GPIAA, temendo que o organismo que investiga os acidentes aéreos fique sem investigadores e caia num vazio.
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O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAA) já não faz prevenção e corre o risco de ficar sem investigadores em julho, mês em que o único especialista cessa funções, devido à idade. Além disso, o diretor está demissionário há mais de um ano e os processos de investigação vão-se acumulando na entidade, tutelada pelo Ministério da Economia.
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), Pedro Santa Bárbara, criticou a demora na resolução da situação, que considerou "alarmante e com consequências incalculáveis".
Por seu lado, o presidente da Associação Portuguesa de Aviação Ultraleve (APAU) mostrou-se preocupado com o atual cenário e disse temer que o GPIAA corra o "sério risco de cair num vazio" e fique sem investigadores.
Segundo Carlos Costa, o organismo "salva vidas", uma vez que, além de investigar acidentes aéreos, "é uma fonte de ensinamentos", transmitindo "à comunidade aeronáutica as causas dos mesmos, para que se evitem cometer os mesmos erros".
Os presidentes da APPLA e da APAU criticam a drástica redução de investigadores que se verificou no GPIAA nos últimos anos, sem que nada fosse feito para colmatar as saídas.
Entre 2010 e 2011 abandonaram o GPIAA três dos quatro técnicos, correspondendo a uma redução de 75% dos investigadores, a qual levou à acumulação de processos e ao atraso nas investigações. Transitaram para este ano 35 processos de investigação (18 de acidente e 17 de incidente) relativos aos últimos três anos.
António Alves é, desde janeiro de 2012, o único investigador no ativo. O especialista, ex-piloto da aviação civil e reformado, completa 70 anos em julho e, legalmente, está impedido de exercer funções no Estado a partir dessa idade.
"Transformou-se um gabinete de importância vital para o país num serviço incapaz de responder cabalmente às solicitações para as quais foi concebido. Os objetivos de segurança devem aparecer antes dos objetivos de gestão", defendeu o presidente da APPLA.
Já o presidente da APAU considerou que a "capacidade de resposta (do GPIAA) foi comprometida com a redução dos investigadores e, dentro de dois meses, vai ficar reduzida a zero".
A preocupação de ambos aumenta tendo em conta que se aproxima o verão, época em que se verificam mais acidentes aéreos.