A NASA está em contagem decrescente para a aterragem em Marte, na madrugada de segunda-feira, do robô Curiosity, encarregado de procurar vestígios de vida no planeta vermelho, após uma viagem no espaço de mais de oito meses.
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Os cientistas da Agência Espacial Norte-Americana, que investiu 2,5 mil milhões de dólares no Curiosity, deverão saber na segunda-feira às 5.31 horas TMG (6.31 de Portugal continental) se o robô aterrou em solo marciano, isto é, 14 minutos após a própria aterragem - o tempo que leva o sinal para ir de Marte à Terra.
"Estamos razoavelmente confiantes, emocionalmente aterrorizados e prontos" para a aterragem do Curiosity, declarou este domingo Adam Steltzner, líder da equipa encarregada dos sete últimos minutos de voo do robô - classificados pela NASA como "sete minutos de terror" -- antes da sua chegada a Marte.
O núcleo das equipas está reunido no Jet Propulsion Laboratory (JPL) de Pasadena, no Estado norte-americano da Califórnia, que pilota a missão.
Lançado a 26 de novembro de 2011 do Cabo Canaveral, na Florida, o robô de seis rodas Curiosity é o maior e o mais perfeito engenho de exploração alguma vez enviado para outro planeta.
Mas a sua aterragem é também a mais difícil de todas aquelas com que a NASA já se confrontou, porque o Curiosity é demasiado pesado para que o impacto seja amortecido por sacos com ar. Por isso, os engenheiros conceberam uma espécie de "grua" com foguetões na retaguarda que susterá o robot com a ajuda de cordas de nylon nos últimos segundos da descida.
Antes disso, a nave conhecerá sete minutos de descida vertiginosa durante os quais a velocidade passará de 21.243 quilómetros por hora para 2,74 quilómetros por hora.
Um imenso paraquedas supersónico de 21 metros de diâmetro abrir-se-á logo após a largada do escudo térmico, para travar a nave abaixo da velocidade do som.
Durante esse momento crítico, duas sondas da NASA em órbita à volta de Marte, bem como uma sonda europeia, estarão à escuta de sinais do Curiosity e transmitirão os seus dados aos cientistas reunidos em Pasadena.
"Se formos bem-sucedidos, este será um dos maiores feitos da história da exploração espacial", afirmou este domingo Doug McCuistion, diretor do programa de exploração de Marte na NASA.
Sublinhou, no entanto, que pousar o Curiosity em Marte "é muito difícil" e que "o fracasso é possível", recordando que só 40% das tentativas passadas de enviar naves a Marte foram coroadas de êxito.
"Um fracasso seria um revés, mas não um desastre", acrescentou, afirmando que a NASA aprenderia com os seus erros e continuaria a ir em frente.
As condições meteorológicas mantêm-se boas na região da cratera de Gale, onde deve pousar o Curiosity. Uma tempestade de poeira identificada há alguns dias dissipou-se, dando lugar a uma "nuvem de poeira bastante benigna", precisou no sábado Ashwin Vasavada, um dos cientistas que lideram o projeto.
Se o Curiosity conseguir aterrar sem problemas, levará a cabo uma missão de dois anos em Marte. Alimentado por um gerador nuclear, tentará descobrir se o ambiente marciano foi propício ao desenvolvimento da vida microbiana.
Para tal, o robô possui numerosas ferramentas, entre as quais um mastro com câmaras de alta definição e um laser para estudar alvos até sete metros.
Outros instrumentos analisarão o ambiente para aí procurar moléculas de metano, um gás frequentemente ligado à presença de vida, já detetada em Marte em várias ocasiões por uma sonda norte-americana em órbita. O robô poderá também furar o solo para fazer recolha de amostras e analisá-las.
Segundo com McCuistion, a missão Curiosity é "absolutamente crucial" para determinar se os terrestres estão sozinhos no universo, como Marte se transformou em planeta árido e preparar o eventual envio de seres humanos para o planeta vermelho.