O surto de ébola na África Ocidental continua, ainda que tenha diminuído de intensidade, tendo já matado mais de 9500 pessoas e infetado mais de 23 mil nesta região.
Corpo do artigo
De acordo com informações da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF), enquanto o número de novos pacientes na Libéria diminui, os números continuam flutuantes na Guiné-Conacri e na Serra Leoa.
O vírus já infetou 23700 pessoas (casos suspeitos, prováveis e confirmados) através da região desde que o surto foi declarado há 11 meses. Um total de 99 novos casos foi confirmado nestes três países na semana de 22 de fevereiro, segundo os MSF.
Devido à natureza imprevisível da epidemia, as equipas dos MSF mantém uma abordagem flexível e continuada para responder às maiores necessidades na Guiné-Conacri, na Libéria e na Serra Leoa.
De acordo com a organização, houve 35 novos casos confirmados na Guiné-Conacri, sobretudo na capital, Conacri, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Apesar das campanhas de sensibilização em larga escala, muitas comunidades mostram-se ainda reticentes sobre as mensagens de saúde pública partilhadas pelas autoridades e pelas organizações internacionais.
As equipas foram confrontadas com incidentes de segurança em fevereiro, em Faranah e em outras localidades da Guiné-Conacri. Um veículo dos MSF foi incendiado, enquanto o pessoal da ONG foi apedrejado.
Apesar das dificuldades, a organização tem aumentado os seus esforços, tendo enviado duas equipas móveis para as autarquias de Faranah e Boffa para avaliar a situação epidemiológica. Os MSF gerem dois centros de atendimento ao ébola na Guiné-Conacri, um em Guéckédou e outro em Conacri.
Na Libéria, segundo a organização, o declínio do número de casos de Ébola é a mais importante, com somente oito casos confirmados registados no país até ao momento. Mais três pacientes suspeitos estão internados num hospital dos MSF em Monróvia.
A ONG também se concentra nos cuidados aos sobreviventes, que são confrontados com múltiplas sequelas físicas e psicológicas, tendo aberto um centro que serve refeições, tendo em conta as condições dos doentes.
O sistema de saúde já muito frágil na Libéria foi terrivelmente afetado pela epidemia, provocando o fecho de vários hospitais. Em março, a MSF abriu um hospital pediátrico com 100 camas em Monróvia para as crianças que sofrem de outras doenças que não o ébola.
"Embora as estruturas de saúde comecem a reabrir, o controlo das infeções será crucial para restaurar a confiança do público no sistema de saúde", referiu a ONG, que vai ajudar várias destas estruturas a reabrirem.
Segundo a ONG, equipas móveis estão a desenvolver atividades de promoção da saúde nos subúrbios de Monróvia e campanhas de vacinação contra doenças evitáveis são urgentemente necessárias, tendo sido já observado o surgimento de surtos de sarampo, por exemplo.
A Serra Leoa continua a ser o país mais atingido pelo Ébola, com 63 novos casos confirmados assinalados nos sete distritos numa semana (a 25 de fevereiro). Ainda há zonas mais sensíveis no nordeste do país, assim como em Freetown, a capital densamente povoada.
Na semana passada, a resposta de MSF em Serra Leoa tomou uma direção diferente com o encerramento de dois dos centros de tratamento de ébola da MSF, um em Kailahun, no extremo oeste do país, e outro em Freetown.
"Como mais centros de ébola são geridos por outras organizações no país, a MSF tem agora a oportunidade de focar sua resposta, onde ele é mais necessário e mais difícil de fazer, ou seja, nas comunidades", indicou a organização.
De acordo com a ONG, um ensaio clínico com um tratamento experimental de Favipiravir está em curso nos centros dos MSF na Guiné-Conacri. Enquanto isso, outros tratamentos possíveis estão a ser estudados.