<p>As autoridades portuguesas que regem o acordo sobre rios comuns a Espanha negam que este país prepare novas vias de transvase do Tejo e que as águas destinadas a salvar um parque natural sejam de volume superior ao já estabelecido. </p>
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Já existe um transvase das cabeceiras do Tejo, em território de Espanha, para o Rio Segura e o desvio dessas águas está contemplado na Convenção de Albufeira sobre os rios partilhados com Portugal. Quem o garante é o presidente do Instituto da Água, que ao JN disse "não confirmar nenhum novo transvase do Tejo" em estudo pelo Governo espanhol, ainda que "tenham vindo a público estudos das comunidades autónomas" quanto a essa eventualidade, nomeadamente pela Junta de Extremadura. Orlando Borges fez questão de sublinhar que "oficialmente, o Governo de Espanha não tem estudos para novos transvases do Tejo para o Segura".
O presidente do INAG esclareceu que o anunciado transvase de águas do Tejo para o Segura e daí para o Rio Ciguela, situado nas cabeceiras do Guadiana, está há anos acordado entre os dois países. "Esse tranvase está autorizado e estabelecido em mil milhões de metros cúbicos por ano. Nem metade desse volume chegou alguma vez a ser usado".
As autoridades espanholas vão proceder ao transvase de 20 milhões de metros cúbicos para uma área protegida, as Tablas de Daimiel. Esta era uma zona pantanosa, classificada como reserva da biosfera pela Unesco. A classificação está em risco, pois a zona pantanosa tem secado nos últimos anos, ao ponto de ali ocorrerem incêndios espontâneos.
O transvase, projectado para Janeiro a fim de potenciar os seus efeitos através de menor evaporação, está também a ser preparado para haver menor perda de água no percurso. Segundo o "El País", no transvase do ano passado só chegou ao destino uma vigésima parte do volume enviado. O mesmo jornal refere especialistas nos aquíferos daquela zona de Espanha que atribuem a secagem dos pântanos em Tablas de Daimiel ao uso indiscriminado de furos para rega desde há décadas.
O incêndio das turfeiras (que são carvão vegetal) é desencadeado naturalmente pelo oxigénio que entra nas fendas abertas pelas temperaturas elevadas. Fenómenos idênticos têm ocorrido em turfeiras do Reino Unido, Estados Unidos e Austrália.
A Convenção de Albufeira teve há um ano uma alteração negociada, que modifica os critérios dos caudais mínimos a assegurar por Espanha. O regime foi ratificado pelas Cortes espanholas em 5 de Agosto último. Em vez de um mínimo anual, ficou estabelecida periodicidade trimestral para espaçar a entrega mínima de água ao longo do ano nos rios Douro, Tejo Minho e Lima. No Guadiana a entrega de água é medida ao dia.