O ataque aos sites do "Expresso" e da SIC juntou a comunicação social à lista de alvos dos piratas informáticos, que acentuaram os atos hostis desde o início da pandemia, em março de 2020.
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A pandemia sentou mais pessoas em frente aos ecrãs dos computadores. Os piratas informáticos viram no afluxo de gente às redes cibernéticas, motivado pelo teletrabalho em tempos de covid-19, como uma oportunidade para o crime e o enriquecimento ilícito, que se refletiu no aumento dos ciberataques nos últimos dois anos.
Uma tendência bem visível a nível internacional, com ataques informáticos que fecharam oleodutos, paralisaram fábricas ou supermercados. Também crescente em Portugal, visando uma universidade e agora uma empresa de Comunicação Social.
Segundo dados do Observatório de Cibersegurança, os ataques informáticos aumentaram 23% em Portugal durante o primeiro semestre de 2021, face ao mesmo período de 2020. Comparando com 2019, a subida foi de 124%.
"A primeira metade de 2020 foi um período que mostrou de forma clara os efeitos do confinamento social na cibersegurança. A partir de março, o número de incidentes registados pelo CERT.PT aumentou para níveis ímpares. Ainda que tenha posteriormente ocorrido uma descida, não se voltou aos níveis pré-pandemia", lê-se num relatório do Observatório de Cibersegurança, publicado em setembro de 2021.
É precisamente nesta primeira metade de 2020 que se regista um dos primeiros e potencialmente mais sérios ataques informáticos em Portugal. Em abril de 2020, a EDP anunciou que tinha sofrido um ciberataque.
Em comunicado, a EDP referiu "um ataque informático à rede corporativa", o qual "condicionou o normal funcionamento de uma parte dos serviços e operações". , Segundo a empresa, não afetou o fornecimento de energia ou a segurança das redes elétricas.
O ano de 2021, atestam os dados do Observatório de Cibersegurança, está a ser mais virulento. "O primeiro semestre de 2021 reforçou esta ideia, com valores ainda mais elevados e com picos paralelos aos momentos de maior confinamento social", lê-se no boletim/04, de setembro de 2021.
Os dados estão à vista, especialmente em ataques internacionais que fizeram manchete um pouco por todo o Mundo. Em maio de 2021, um ciberataque ao principal oleoduto dos EUA, o Colonial, provocou escassez de combustível em vários Estados do leste, como Carolina do Norte e Virgínia e na capital, Washington.
Também em maio de 2021, o maior processador de carne do mundo, o grupo brasileiro JBS, sofreu outro ataque informático, que paralisou várias operações nas fábricas da Austrália, Canadá e Estados Unidos da América.
Em julho houve uma grande ofensiva contra a Kaseya, uma empresa de programas informáticos com mais de 40 mil clientes empresariais em todo o mundo, que paralisou vários supermercados nos EUA.
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Em Portugal, os registos de 2021 são menores. Destaque para um ataque aos servidores Windows da Universidade de Lisboa (UL), a 30 de outubro, que foram desligados para evitar que os dados fossem comprometidos.
"A Reitoria da Universidade de Lisboa e oito Escolas viram alguns dos seus seus serviços afetados", disse a UL, em comunicado. "As informações sobre estudantes e os funcionários, bem como os serviços académicos e financeiros, não foram comprometidas", acrescentou.
O ano de 2022 começa com um ataque ao sites do "Expresso" e da SIC, comprovando a versão da Microsoft, que num relatório de outubro de 2020 colocou Portugal no mapa do cibercrime Mundial.
No mais recente "Digital Defense Report", Portugal surge no mapa dos alvos identificados pela Microsoft. Segundo o relatório, cerca de 1% dos ataques detetados a nível mundial foram dirigidos a Portugal.
Os EUA são a vítima preferia dos ataques, oriundos na esmagadora maioria da Rússia, concentrando 46% das tentativas de intrusão. Segue-se a Ucrânia, cuja tensão social e militar com os russo se agudizou desde o conflito na Crimeia, com 19% do total de ataques sofridos.
Bélgica e Alemanha concentraram 3% dos ataques cibernéticos sofridos em todo o Mundo, enquanto Israel se ficou pelos 2%. A Arábia Saudita "empatou" com Portugal, com os mesmo 1% de ataques sofridos.