Um jornal oficial chinês exortou hoje, segunda-feira, a Google a não "politizar" o seu diferendo com a China, proclamando que a "arrogância do Ocidente não irá funcionar" e defendendo em alternativa "uma negociação conciliatória".
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Num raro comentário acerca das alegações de censura feitas pela Google, o jornal Global Times salientou que, quando aquela empresa norte-americana lançou um "site" em chinês, em 2006, "a China tinha regras muito mais severas do que agora".
A Google "precisa de reflectir por que razão está atrás do seu rival local na China e por que não obtém o apoio que desejava por parte dos internautas chineses", acrescenta.
"Uma ruptura entre a Google e a China ferirá as duas partes", mas o maior motor de busca do mundo "perderá ainda mais terreno entre os seus apoiantes se fizer disso um jogo de futebol publico", diz também o Global Times, uma publicação do grupo Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista Chinês.
Um vice-presidente da Google, David Drummond, anunciou na terça-feira passada que a empresa e pelo menos vinte outras firmas foram alvos de "sofisticados ciber-ataques", numa aparente tentativa de penetrar nas contas de email de activistas de direitos humanos espalhados pelo mundo.
"Estes ataques e a vigilância que eles evidenciam, conjugados com as tentativas registadas no último ano para limitar ainda mais a liberdade de expressão na Web, levaram-nos a concluir que devemos rever a viabilidade das nossas operações comerciais na China", escreveu David Drummond no blogue oficial da empresa.
Em resposta, o Governo chinês reafirmou a sua oposição a "todo o tipo de ciber-ataques" e sem comentar as alegações de censura, declarou que "todas as empresas, incluindo a Google, têm de respeitar as leis em vigor na China".
"O Governo chinês administra a Internet segundo a lei e temos cláusulas explícitas sobre que informação e conteúdos podem ser divulgados na Internet", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Jiang Yu.
O número de internautas na China atinge 400 milhões.
A Google - "Gu Ge", em chinês - detém 31,1 por cento do mercado e o seu principal concorrente, a chinesa Baidu, 63,9 por cento.