"Que isto fique claro: a consola que a Sony tem vindo a desenvolver nos últimos quatro anos não é uma mera atualização". Quem o garante é Mark Cerny, designer e produtor da indústria dos videojogos, conhecido como o "arquiteto de sistemas" na criação da PlayStation 4 e, agora, da sua sucessora.
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Numa entrevista à revista norte-americana "Wired", Mark Cerney revelou os primeiros detalhes sobre a PlayStation 5, tão aguardada pelos fãs depois do lançamento da consola anterior, em 2013.
A espera tem sido longa, devido sobretudo ao lançamento de consolas de atualização, como a PS4 Pro ou a Xbox One S, que prolongou a "vida útil" da atual geração. "O ponto fulcral é saber se a consola acrescenta alguma melhoria à atual experiência com os jogos ou se permite operar mudanças fundamentais ao que um jogo pode ser", disse o designer.
Para os mais ansiosos, as notícias podem não ser tão boas: a PlayStation 5 não chega este ano. A "consola da próxima geração", como lhe chama Cerny, ainda está a ser desenvolvida com vários estúdios e a Sony tem acelerado o processo. Na melhor das hipóteses, será apresentada em 2020. Quanto ao nome, ainda não há confirmação oficial, mas a julgar pelas antecessoras, deverá manter-se "PlayStation 5" ou "PS5".
Cerny salientou ainda que a nova consola integra os desejos dos programadores, que poderão tirar proveito do potencial máximo da PS5, e espera criar algo revolucionário. Entre as novidades, destaca-se o CPU de 8 núcleos (octa-core) da AMD com litografia de 7 nm Zen 2, baseada na terceira geração da gama Ryzen, o sistema de Ray-Tracing, resolução de gráficos a 8K e ainda a compatibilidade com os jogos da PS4.
Por outras palavras, o armazenamento interno será maior, assim como a velocidade de acesso à memória, os efeitos visuais e os gráficos serão melhores e dará ao jogador uma envolvência que até agora era impossível.
Ray Tracing torna o jogo mais realista
A PlayStation 5 irá suportar o "Ray Tracing", que é um novo padrão de qualidade para efeitos visuais, muito utilizado nas produções de Hollywood. Assim, esta nova consola quer oferecer ao jogador algo que nenhuma outra conseguiu. Trata-se de um motor gráfico que imita a forma como a luz é refletida por um objeto. É uma nova forma de tornar a experiência de jogo muito mais realista.
"Caso queiram testar se um jogador pode detetar uma fonte de áudio. Ou se os inimigos podem ouvir os passos dos outros jogadores, o Ray Tracing será útil para isso", afirmou Cerny.
Áudio 3D para nova "envolvência"
O novo procesador da AMD terá um modelo de áudio 3D, algo que irá alterar a perceção do som num jogo. O "arquiteto" da PS5 considera que é algo que irá redefinir a experiência na consola: "Enquanto jogador, é um pouco frustrante não sentir grandes diferenças no impacto do som entre a PS3 e a PS4". Na PS5, vai existir uma nova atmosfera sonora, com efeitos de som de diferentes pontos, acima, atrás, ao lado, de forma a criar uma envolvência especial. O ideal será utilizar "headphones", mas o sistema também irá funcionar através dos altifalantes da televisão ou noutros equipamentos de som.
Armazenamento interno maior e mais rápido
"A velocidade de escrita e leitura é importante, mas também os detalhes de I/O (Input & Output). Adquiri uma PS4 Pro e depois pus-lhe um SSD que custou quase tanto como a consola. Tudo para ela ficar cerca de um terço mais rápida na leitura dos dados", disse Cerny, em relação ao novo SSD ou "solid state drive", que aumentará a velocidade de acesso aos dados da PS5 face à consola anterior.
Cerny demostrou à Wired um "devkit" (kit de desenvolvimento de software), equipado com um SSD até 19 vezes mais rápido para a nova consola. Para o designer, a inclusão deste SSD abre novas opcões, diminui drasticamente os tempos de carregamento e estimula a criatividade dos estúdios e programadores.
Compatibilidade com os jogos da PS4
Os primeiros detalhes ainda são poucos e não se sabe ainda quando será apresentada a nova consola. Sabe-se porém que a PS5 vai ser compatível com os jogos da antecessora, compartilhando alguma da "arquitetura" da PS4. Por isso, vai continuar a aceitar os jogos em formato físico e não será, como se especulava, uma "máquina completamente digital".