Jorge Valdano, director-geral e adjunto da presidência do Real Madrid, vai sair do clube depois do azedar de relações com o treinador português José Mourinho.
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Depois de uma época recheada de desentendimentos entre o treinador português e o director-geral do Real Madrid, Florentino Pérez, presidente do clube da capital espanhola, optou por demitir o ex-internacional argentino.
Valdano terá pedido a Florentino para resolver, de uma vez por todas, a situação, antes da reunião da Junta Directiva do Real (na terça-feira), e o resultado foi o despedimento. Segundo a imprensa espanhola, o presidente "merengue" terá cedido às pressões de Mourinho, que não estava nada interessado em começar a próxima época com Valdano no clube.
"A Junta Directiva decidiu suprimir a direcção geral, à frente da qual estava Jorge Valdano. Por este motivo, decidimos rescindir a relação contratual que tínhamos com ele. Esta época mostrou-nos que houve várias disfunções. Havia duas pessoas de marcado carácter desportivo que impediam uma sintonia", afirmou, esta noite, Florentino Pérez, em conferência de imprensa.
"Se havia uma batalha, o vencedor é claro"
"Fez-se uma batalha da que tentei escapar porque acreditava que não era boa para o real Madrid. Respeito muito este clube, gosto dele, ensinou-me tudo. Chegado ao final desta temporada, é o clube que tem de tomar uma decisão e a opção é clara. Se a percepção é a de que havia uma luta entre os dois [Mourinho], fica claro o vencedor", disse Jorge Valdano, em conferência de imprensa no Estádio Santiago Bernbéu.
"Nunca transformei o Real Madrid em campo de batalha. Todo o meu esforço ao longo desta temporada foi de contenção", acrescentou.
As relações com Mourinho ao longo da temporada foram sempre tensas e o português chegou a manifestar publicamente o desagrado por algumas intervenções de Valdano. "Não sei que intenções teve Mourinho. Eu fiz um esforço para tentar reduzir o ruído que havia em redor do clube. Pedi a Florentino uma reunião a três, com ele, o treinador e eu, mas não foi possível", revelou Valdano.
O antigo internacional argentino disse que "com o passar do tempo mudaram as ideias no clube e chegou um momento em que não estava cómodo com a nova situação", uma vez que o Real Madrid tomou opções nas quais não se revia. "Fiquei sozinho e encontrei refúgio nos valores do clube", acrescentou.
Apesar de tudo, Valdano pensa que a manutenção do português é uma decisão acertada: "É saudável a sua continuidade depois de muito tempo de instabilidade. O Madrid tem de fixar-se num projecto. Precisamos de uma liderança forte e Mourinho representa-a".