O líder do PCTP/MRPP, António Garcia Pereira, qualificou o plano de ajuda externa "imposto" pela "troika" a Portugal como "uma verdadeira declaração de guerra", que mostra, aliás, que as próximas eleições são "uma fraude".
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Garcia Pereira, que falava aos jornalistas durante uma visita à feira agropecuária Ovibeja, assegurou também que, entre o PS e o PSD, não vê "quezílias nenhumas", de que são exemplo as medidas da "troika".
"Vejo dois partidos entendidos quanto à aplicação do programa, que é uma verdadeira declaração de guerra ao povo português que a 'troika' impôs", argumentou.
Este mesmo plano, segundo o líder do PCTP/MRPP, "mostra que estas próximas eleições são uma fraude, porque supostamente foram convocadas para resolver um problema do défice e da dívida" do país.
"Afinal, essas soluções já estão antecipadamente impostas pela 'troika', o que retira e usurpa completamente a soberania e a capacidade de decisão do povo português", disse.
Questionado quanto aos programas eleitorais do PS e do PSD, Garcia Pereira afirmou: "Primeiro, ainda ninguém viu um programa dos principais partidos, entendamo-nos".
"O PSD não o apresentou", enquanto que "o que o PS apresenta não é um programa", argumentou.
Mas, de qualquer forma, acrescentou, ambos os partidos já "manifestaram a sua disposição para aplicar um programa que é um conjunto de medidas violentíssimas contra, precisamente, aqueles que nenhuma responsabilidade têm na situação do país", ou seja, o povo português.
"Este programa da 'troika' o que significa é pôr o cidadão comum a pagar uma dívida que ele não contraiu e que não foi contraída em seu benefício", disse.
"Importante ouvir quem pensa diferente"
Além de criticar o plano de ajuda externa a Portugal, Garcia Pereira comentou ainda os debates televisivos para as eleições legislativas de 5 de Junho, que arrancaram sexta-feira.
O primeiro debate, realizado na RTP, entre o líder do CDS-PP, Paulo Portas, e o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, levou inclusive à entrada de manifestantes nas instalações da televisão pública, que reivindicavam o "cumprimento da lei" no tratamento igual de todos os partidos.
"Temos aqui candidaturas de 'primeira', que têm direito a entrevistas individuais, em horário nobre e nos canais generalistas" e, depois, "temos os outros", acusou o líder do PCTP/MRPP, relativamente aos debates televisivos.
Na situação "gravíssima" que "o país atravessa", segundo Garcia Pereira, "era mais importante do que nunca ouvir quem pensa diferente".