Amável e encantador num momento, agressivo e cruel noutras ocasiões, viver com um narcisista pode levar a confusão mental, manipulação e, no limite, a mergulhar em relações tóxicas. Veja sete tipos de personalidades narcísicas e identifique os sinais antes que seja tarde de mais
Corpo do artigo
Muito mais do que apenas uma característica ou uma fase, o narcisismo pode chegar mesmo a ser uma doença mental. Está, aliás, definida como tal no Manual de Distúrbios Mentais (Diagnostical and Statistical Manual of Mental Disorders, no original) e traz consequências para quem sofre da perturbação de personalidade como para quem convive com quem dela padece.
Marcada por atitudes como a arrogância, a desconsideração pelo outros e necessidade de atenção e admiração, o narcisismo oscila entre a amabilidade e a crueldade. Pode mesmo fomentar relações tóxicas, sejam elas de que natureza forem.
A psicóloga britânica e especialista em tratamento de abuso narcísico, codependência, stress, ansiedade e trauma, Sarah Davies, aborda a patologia no seu novo livro Como se Libertar de um Narcisista (editora Nascente), e endereça-o a quem precisa de escapar das garras de quem vive relações desta natureza, sejam elas românticas, familiares ou profissionais.
Para a autora, existem dois tipos de narcisismo: o grandioso e o vulnerável, mas é este segundo que mais se subdivide. Quanto ao primeiro, a autora diz ser o mais fácil de identificar uma vez que este tipo de pessoas "tende a ser obcecado com a riqueza, estatuto, sucesso, reconhecimento, admiração e poder" e apresenta-se "extremamente sensível à rejeição, à crítica e à culpa", podendo enveredar por reações agressivas de intimidação, vingança, difamação ou, simplesmente, desaparecendo sem deixar rasto.
Os narcisistas vulneráveis são mais difíceis de detetar e subdividem-se consoante as características que evidenciam. Mas, por partes: "apresentam-se como mais inocentes e frágeis", refere Davies. A psicóloga refere que estes narcísicos podem até ser "mais perturbadores" que os de tipo grandioso porque revelam "tipos de personalidade que demonstram qualidade aprazíveis e atrativas, sendo, ao mesmo tempo, controladores e manipuladores, o que aumenta a confusão de qualquer pessoa que com eles se relacione".
É neste capítulo dos narcísicos vulneráveis que a psicóloga especialista em codependência especifica subtipos como forma de ajudar à identificação dos traços. Se o narcisista focado em conquistas "procura os que têm estatuto ou contactos" e parceiros que "tendam a estar exaustos" para mostrar, frequentemente, "nítido desrespeito pelo bem-estar emocional", o narcísico que se apresenta como vítima "estará, mais ou menos, constantemente a queixar-se de como é ou foi maltratado". Este tende a ter "um historial de "maus" ex-namorados, relações ou empregos", ligações anteriores que, como afirma, "pouco saudáveis ou tóxicas e que foram culpa da outra pessoa", nunca considerando o seu próprio papel, especifica Sarah Davies.
A psicóloga fala ainda do perfil "resgatador/salvador", afirmando tratar-se de uma tipologia "bastante presente na prática clínica". Este costuma "surgir, e é quase certo, num momento em que a pessoa se encontra mais vulnerável" e apresenta-se disponível para "cuidar, proteger, tomar conta" tornando-se, depois, "controlador".
Já no que diz respeito ao modelo "dependente", Sarah Davies fala de um parceiro que "ajude, salve, conserte ou que, de alguma forma, assuma a responsabilidade pelos atos dele", escreve a autora no livro. Quando não corre bem, este tipo de narcisista empurra a culpa para a tua pessoa.
Por fim, a psicóloga fala na tipologia psicossomática do narcisismo. Neste caso, detalha Davies, o narcísico "usa dores, doenças, e preocupações com a saúde - reais ou imaginadas - para garantir que o foco e a atenção estejam nele". A psicóloga reitera que, neste caso ais limite, "as doenças e as queixas são sintomas usados para controlar e manipular ou mesmo para evitar que o parceiro o deixe".