A Direcção-Geral de Saúde apelou ao reforço da vacinação contra o sarampo, na sequência dos surtos que estão a eclodir em vários países da Europa. O apelo dirige-se principalmente à população adulta, nascida depois de 1969 que nunca tenha contraído a doença.
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A circular da Direcção-Geral de Saúde (DGS), dirigida a profissionais, alerta para a necessidade de proceder à vacinação de adultos, nascidos nos últimos 42 anos, mas também de crianças, de acordo com o Plano Nacional de Vacinação, e indivíduos que não estejam correctamente vacinados e que devem ser convocados oportunamente.
A DGS alerta, ainda para a necessidade de identificar e vacinar "grupos de susceptíveis", tais como famílias ou pequenas comunidades cujas características culturais ou socio-económicas possam estar associadas a baixas coberturas vacinais.
O objectivo é a redução do número de indivíduos susceptíveis ao sarampo na população, para evitar a ocorrência de cadeias de transmissão a partir de casos importados, sendo esta vacinação gratuita.
A DGS pretende atingir uma taxa de cobertura vacinal igual ou superior a 98% da população. Actualmente, a taxa de cobertura em Portugal ronda os 95%.
O sarampo é uma das infecções virais mais contagiosas, transmitindo-se pessoa a pessoa ou por via aérea, mas apesar das recomendações de vacinação da Organização Mundial de Saúde, nos últimos anos, e com maior intensidade nos últimos meses, têm vindo a ocorrer surtos de sarampo na Europa, junto de populações em que a cobertura com a vacina contra o sarampo é insuficiente.
Esta falta de cobertura vacinal explica-se em grande parte com uma moda relativamente recente de não vacinar os filhos por questões ideológicas e que reúne muitos adeptos em vários países europeus, confirmou à Lusa Graça Freitas, subdiretora-geral da DGS, ressalvando que Portugal não se inclui nesse grupo, uma vez que o número de pessoas que faz uso desse direito é residual.
O último caso autóctone foi declarado há nove anos e após isso, apenas dois casos de sarampo foram registados em Portugal, ambos em pessoas oriundas de outros países, sem que tenha havido contágio.
Um alerta emitido recentemente pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças revela que o declínio da vacinação é causado por grupos de pessoas anti vacinas e está na origem do aumento da incidência de antigas doenças infecciosas que se encontravam praticamente erradicadas.
A informação constante desta circular, emitida terça-feira pela DGS, não é nova, tendo sido feitos já vários apelos neste sentido nos últimos tempos, nomeadamente pela Organização Mundial da Saúde.
Em meados de Maio, a então ministra da Saúde, Ana Jorge, lembrou a necessidade de reforçar a vacinação contra o sarampo e lembrou a existência de "bolsas da população" em que os níveis são mais reduzidos.
Na altura, a responsável sublinhou que se trata de uma doença muito grave e que só com uma taxa de cobertura de 98% é possível garantir que não haverá um surto de sarampo.