Era considerado o delfim de Alberto João Jardim, mas ousou desafiá-lo. Em 2012, o autarca do Funchal disputou com o chefe do Governo madeirense a liderança de quase quatro décadas do PSD. Chegou a líder em dezembro de 2014 e, três meses depois, o sucessor de Jardim venceu as legislativas na região com maioria absoluta.
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Aos 62 anos, o presidente do Governo Regional está a ser investigado por suspeitas de corrupção, num processo que levou esta quarta-feira à detenção de Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal. Foi nesta autarquia que Miguel Albuquerque fez, durante 19 anos, grande parte do seu percurso e ganhou maior experiência política.
Toca piano, é apaixonado por rosas e licenciado em Direito, mas apenas exerceu esta atividade entre 1986 e 1993, tendo posto de lado a advocacia para concorrer ao Funchal, como segundo da lista do PSD. Entre 1990 e 1992, liderou a juventude social-democrata no PSD/Madeira, numa altura em que Pedro Passos Coelho era o líder nacional da JSD.
Em setembro de 1994, Miguel Albuquerque passou a liderar os destinos da maior autarquia da região e foi depois sempre eleito presidente da Câmara do Funchal com maioria absoluta, em 1997, 2001, 2005 e 2009.
Quis romper "prepotência" de Jardim
Em 2012, disputou a liderança do PSD/Madeira para romper o "surto de prepotência e pensamento único" do atual "dono" do partido, João Jardim. Sem futuro na Câmara do Funchal, devido à limitação de mandatos, foi o primeiro militante, em mais de três décadas, que ousou desafiar Jardim. Numas eleições internas em que teve pela primeira vez adversário, o então líder do Governo Regional ganhou com pouca margem, conseguindo apenas 51%.
Dois anos depois, Miguel Albuquerque voltou a candidatar-se a presidente da Comissão Política Regional do PSD/Madeira e, após uma primeira volta entre seis candidatos, foi eleito líder à segunda, com 64%. Considerado o candidato "anti-Jardim", enfrentou nesta luta final Manuel António Correia, que era a aposta do líder histórico para seu sucessor após 38 anos à frente do partido.
No dia 29 de março de 2015, venceu as eleições legislativas regionais com maioria absoluta, consagrando-se sucessor de Alberto João Jardim e terceiro presidente do Governo Regional da Madeira. Mas não sem antes ter enfrentado concorrência interna de outros delfins.
Perdeu a maioria absoluta
Durante anos, disputou a sucessão de Jardim nos bastidores do PSD, desde logo com João Cunha e Silva, de quem partiu a ordem para a auditoria que o executivo regional mandou, em 2005, fazer às contas do Funchal, quando Albuquerque era presidente da Câmara. Foi mais uma machadada na relação do autarca com o chefe do Governo, João Jardim.
Em 2019, Miguel Albuquerque voltou a vencer as eleições legislativas regionais mas perdeu a maioria absoluta, tendo sido obrigado a aliar-se ao CDS para conseguir governar. No ano passado, com PSD e CDS coligados, falhou novamente aquela meta e, desta vez, optou por fazer um acordo com o PAN.