O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, não é visto em público há mais de três semanas, apesar de vários esforços diplomáticos para reparar os laços do país com os Estados Unidos.
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Como ex-embaixador em Washington DC e considerado um protegido do líder chinês Xi Jinping, esperava-se que Qin, de 57 anos, desempenhasse um papel fundamental numa série de visitas de alto nível de autoridades norte-americanas. Porém, segundo o "The Guardian", o ministro chinês não aparece em público desde 25 de junho, quando se reuniu na capital chinesa com autoridades do Sri Lanka, Rússia e Vietname.
A sua última aparição pública de grande visibilidade aconteceu em junho, quando se reuniu em Pequim com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken. Qin deveria ter reunido com o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, este mês, em Pequim, mas adiou a reunião sem fornecer explicação. Qin Gang, um dos rostos da nova geração de diplomatas da China conhecidos como "lobos guerreiros", também não se juntou às autoridades chinesas nas conversas com a secretária do Tesouro, Janet Yellen, no início de julho, nem na visita do enviado climático John Kelly.
Na semana passada, Qin foi substituído como chefe da delegação de Pequim na cimeira da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na Indonésia. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, disse, na altura, que Qin não iria "por motivos de saúde". Esta justificação está ausente da transcrição oficial da conferência de imprensa regular com a porta-voz da diplomacia chinesa, colocada posteriormente no portal do ministério dos Negócios Estrangeiros. O organismo exclui frequentemente conteúdo que considera sensível das transcrições da conferência diária.
Uma semana depois, ainda não reapareceu. Na segunda-feira, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, disse que não tinha "nenhuma informação" sobre quando Qin poderia retornar ao cargo.
A discussão sobre a ausência do ministro parece ter sido censurada na rede social chinesa Weibo. O jornalista e analista Phil Cunningham também se queixou do corte sem aviso prévio de cinco parágrafos sobre Qin num artigo que escreveu sobre as relações entre os EUA e a China para o jornal pró-Pequim de Hong Kong, o "South China Morning Post".
O sistema político opaco da China dificulta conhecer a causa dos desaparecimentos repentinos de altos funcionários. Frequentemente, as autoridades anunciam que a pessoa está a ser investigada ou foi punida. Porém, também há casos benignos: o próprio Xi Jinping desapareceu durante duas semanas pouco antes de ser nomeado o principal líder da China em 2012, antes de reaparecer para assumir o cargo. A razão do desaparecimento nunca foi divulgada.