O líder do Governo Regional da Madeira garantiu que não irá demitir-se do cargo na sequência das buscas ao seu Executivo e â Câmara Municipal do Funchal, que já resultaram em três detidos. Miguel Albuquerque disse estar "de consciência tranquila", momentos antes de se confirmar que é arguido no processo.
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"Não me vou demitir porque vou colaborar no esclarecimento da verdade", afirmou Miguel Albuquerque, esta quarta-feira, aos jornalistas.
No dia 7 de novembro, quando o primeiro-ministro se demitiu, Albuquerque afirmou que as buscas ao primeiro-ministro eram um episódio "muito mau" e que contribuía para o "descrédito das instituições democráticas". Agora, lembrou que tem "o direito, como qualquer cidadão, de não ser suspeito eternamente".
"O Governo Regional e eu próprio estamos a colaborar, de forma ativa e consistente, com os senhores agentes da Polícia Judiciária e com os senhores procuradores, no sentido de fornecermos todos os elementos necessários ao esclarecimento desta situação", assegurou o social-democrata.
Estatuto de arguido existe "para as pessoas se poderem defender"
Albuquerque quis aproveitar o momento para fazer aquilo a que chamou "pedagogia democrática". Nesse sentido, realçou que o estatuto de arguido existe "para as pessoas se poderem defender e, sobretudo, para apresentarem os contra-argumentos" que entendam ser necessários.
O líder do Governo Regional frisou que o processo nada tem a ver com a venda da Quinta do Arco - uma antiga propriedade sua, hoje na posse do Grupo Pestana. Admitiu, no entanto, que está a ser investigado "um conjunto de obras públicas" que foram adjudicadas pelo Executivo madeirense.
Em concreto, Albuquerque enumerou três: o concurso relativo ao teleférico do Curral das Freiras, o concurso de concessão dos autocarros da região autónoma e o processo de licenciamento da Praia Formosa. Este último é um empreendimento urbanístico do Grupo Pestana, no qual também estará envolvido Cristiano Ronaldo.
Esta quarta-feira, o Governo Regional e a Câmara Municipal do Funchal foram alvo de buscas. Estas já resultaram na detenção do autarca, Pedro Calado, e de dois gestores ligados ao grupo de construção AFA.