Mais de metade dos jovens portugueses confessam-se religiosos e um terço assume-se como praticante, rezando regularmente e participando em celebrações.
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Os dados constam do estudo "Jovens, Fé e Futuro," elaborado pelo Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP) da Universidade Católica para a Conferência Episcopal, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, com o objetivo de conhecer as crenças dos mais novos e a forma como vivem a espiritualidade nas suas vidas.
De acordo com o estudo, apresentado esta quinta-feira, 56% dos inquiridos afirma ter religião, embora apenas 34% se considere praticante. Entre aqueles que se assumem crentes, 88% dizem seguir o Catolicismo. "Isto significa que 49% dos jovens inquiridos se afirmam católicos. É um valor significativo se considerarmos a perceção, mais ou menos generalizada, de que vivemos numa sociedade dessacralizada", salientam os autores do estudo, coordenado por Patrícia Dias, docente da Faculdade de Ciências da Universidade Católica.
As conclusões do estudo destacam ainda o facto de 34% do total de jovens se dizer "não só religiosos como praticantes, orando regularmente, participando em celebrações ou estando integrados em grupos da sua comunidade religiosa".
Quanto aos crentes não praticantes, os principais motivos apontados para a ausência da prática religiosa são a "falta de compromisso e empenho", a "falta de tempo" e o "desacordo com algumas normas".
Patrícia Dias frisa que o estudo não identificou as normas colocadas em causa pelos jovens, mas admite que o acesso ao sacerdócio por parte das mulheres, a homossexualidade e os entraves colocados aos recasados, temas polémicos há muito em debate entre os católicos, podem ser alguns dos motivos de afastamento dos jovens da prática religiosa. Em declarações ao JN, a investigadora admite que os casos de abuso sexual na Igreja possam também ter alguma influência na redução da prática religiosa.
O estudo “Jovens, Fé e Futuro” aborda, também, as preocupações das novas gerações em relação ao futuro , sendo que a guerra (63%), as alterações climáticas (55%) e a equidade e discriminação (54%) são os assuntos que mais preocupam os jovens inquiridos.