Virgílio do Nascimento Antunes condenou esta manhã as "negras sombras" que pairam sobre os migrantes, provenientes de outros lugares e contextos culturais e religiosos, que saem dos seus países para “fugir da pobreza ou da guerra, à busca de novas oportunidades de vida que não encontram nas suas origens”.
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“O mundo tem notícia da existência de muitos rostos escondidos que, sem escrúpulos, prometem paraísos aos pobres das periferias do mundo”, denunciou durante a homilia deste 13 de agosto, no Santuário de Fátima. “Por detrás de uns milhares de euros ou de dólares, rostos dos que se apresentam como de bons samaritanos, acabam por revelar-se rostos de cruéis malfeitores.”
O bispo de Coimbra acusou estes intermediários “sem escrúpulos” de abandonarem as pessoas que procuram uma vida melhor “à beira do caminho” ou de os entregarem “à sua sorte nas vagas do mar, prelúdio de morte ou de embate contra a dura realidade que os espera na praia”. E os que conseguem chegar ao seu destino, continuam a ter de enfrentar dificuldades.
“Quantas vezes ouvimos dizer aos migrantes: já tenho casa, já tenho trabalho, já conheço pessoas que estimo e me querem bem, já estou integrado, já me sinto em casa”, lembrou Virgílio do Nascimento Antunes. “Porém, aquilo que se espera, por vezes não acontece: a casa, a sociedade, torna-se um lugar de rejeição; a comunidade, um lugar de discriminação; o trabalho, um meio de exploração”, denunciou.
Defensor do acolhimento dos migrantes e do respeito de parte a parte, o prelado lembrou que, para tal, têm de ter uma “habitação digna”, inserir-se na comunidade, ter trabalho e um “mundo das relações humanas e sociais que dão novo sabor à vida”. “Todos precisamos de uma luz. A luz de Deus vai à frente, acompanha e guia a partir da fé e do amor derramado nos nossos corações”, sublinhou o prelado.
“Os seus reflexos hão de ser as pequenas luzes dos homens e dos Estados, que acompanham, protegem e ajudam a rasgar horizontes de esperança aos mais vulneráveis, como são os exilados, refugiados e migrantes”, afirmou o bispo de Coimbra. “O povo migrante crê que Nossa Senhora de Fátima o ajudou a aguentar a dureza da vida e foi o auxílio sem o qual não conseguiria guardar a fé, mesmo que, frequentemente, sofra por não conseguir transmiti-la aos seus filhos.”
Anunciaram a intenção de participar na peregrinação internacional aniversária ao Santuário de Fátima, de 12 e 13 de agosto, 23 grupos de peregrinos, dois dos quais portugueses e os restantes do estrangeiros. Espanha indicou quatro grupos, e a Polónia três. Alemanha, de Irlanda, de Itália e do Vietname anunciaram dois grupos cada, e da Bélgica, Costa do Marfim, Filipinas, Malta, Senegal e Sri Lanka um grupo cada.
Com o tema “Deus caminha com o seu povo”, título da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, assinalado a 29 de setembro, a peregrinação nacional do migrante e do refugiado começou no domingo, dia 11, e termina no próximo domingo, dia 18.