Aguiar-Branco apontado para a presidência e Chega pode ter um vice no Parlamento
Ex-ministro já assumiu disponibilidade para liderar Parlamento. Liberais podem vir a ter assento na Mesa.
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Os resultados eleitorais deverão obrigar a profundas mudanças na Assembleia da República, a começar pela sua Mesa. O social-democrata José Pedro Aguiar-Branco, cabeça de lista por Viana do Castelo, é uma das possibilidades para a presidência do Parlamento. Chega e IL podem conquistar a vice-presidência.
A pouca margem de vitória vai colocar a AD em risco de estar perante constante fogo cruzado da Oposição, da Esquerda à Direita. Por isso, o PSD terá de escolher um ministro dos Assuntos Parlamentares capaz de estabelecer pontes com todos os partidos e o Governo.
“Terá de ser alguém com um grande trajeto político e grande capacidade para se virar para a Esquerda e para a Direita”, considera o professor de Ciência Política da Universidade do Minho José Palmeira.
Além disso, os sociais-democratas terão de avançar com uma figura consensual para a presidência da Assembleia da República, para evitar que aí ocorra uma derrota. Um dos nomes mais apontados é o do ex-ministro José Pedro Aguiar-Branco, que já manifestou disponibilidade nesse sentido.
“Se houver aritmética parlamentar que o permita e o meu partido desejar que eu seja, eu estou disponível”, assumiu, em entrevista à RTP, a 31 de janeiro, o cabeça de lista da AD pelo círculo de Viana.
Novo líder da bancada
Depois de dois anos em que o Parlamento trabalhou sem a totalidade dos vice-presidentes possíveis, deverá ser difícil que, desta feita, não seja aprovada uma vice-presidência para a IL, que conquistou oito deputados, e, sobretudo, para o Chega com 48 eleitos.
“Luís Montenegro, ao contrário de Rui Rio, sempre defendeu que o Chega deveria ter um representante na Mesa do Parlamento. E isso seria um primeiro passo para se criar um clima mais favorável ao diálogo com todos os partidos eleitos”, crê José Palmeira, lembrando as palavras do líder do PSD há um ano: “O PSD respeita a Constituição e o Regimento. Quer a Constituição, quer o Regimento determinam que as quatro vice-presidências devem corresponder aos quatro maiores partidos” .
Recorde-se que o Chega falhou as três votações, em que indicou Diogo Pacheco de Amorim, Gabriel Mithá Ribeiro e Rui Paulo Sousa, isto embora o então líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, até tenha apelado aos deputados da sua bancada para votarem a favor de Rui Paulo Sousa. Do lado dos liberais, também Cotrim Figueiredo foi rejeitado, em março de 2022.
Há uma outra alteração expectável: a da liderança da bancada do PSD. “Hugo Soares é alguém que pode voltar. Mas pode ser preciso alguém mais consensual, para fazer pontes”, aponta Palmeira, considerando que Joaquim Miranda Sarmento não se encaixa nesse perfil.