Primeiro-ministro é o político mais popular, com saldo positivo até entre quem vota noutros partidos, com a exceção dos comunistas. Ana Paula Martins afunda-se e é agora a pior ministra do Governo.
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Três meses depois de ter tomado posse como primeiro-ministro, Luís Montenegro reforça o estatuto de político mais popular de Portugal, com 59% de avaliações positivas, de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. A maré está a subir também para a generalidade dos seus ministros. A única em contraciclo é a ministra da Saúde: Ana Paula Martins afunda-se na avaliação dos portugueses, com um saldo negativo de 12 pontos percentuais.
O chefe do Governo já se tinha destacado no barómetro de junho. Um mês depois, e apesar de, pelo meio, a AD ter sido derrotada nas europeias, cimenta o seu estatuto. São agora menos os que lhe dão nota negativa (30%), o que, conjugado com uma cada vez maior percentagem de avaliações positivas, faz com que Luís Montenegro registe um saldo positivo de 29 pontos percentuais (eram 20 no mês passado). O único que se aproxima é o seu ministro do Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, com um saldo positivo de 28 pontos.
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À conquista do PS
A popularidade do primeiro-ministro é tão elevada que conquista até os favores dos eleitores de outros partidos. O único segmento de voto partidário em que Luís Montenegro regista um saldo negativo é entre os comunistas. Do final de maio para o início do mês de julho (os inquéritos foram recolhidos entre os passados dias 3 e 8), acrescenta os socialistas ao seu pecúlio, com 57% de avaliações positivas e um saldo positivo de 12 pontos. Sem surpresa, o melhor resultado é entre os que votam na Aliança Democrática (saldo positivo de 81 pontos).
Tal como na sua primeira avaliação, o atual chefe do Governo conquista um saldo favorável em todos os segmentos sociodemográficos da amostra. Mas há parcelas que se destacam. Quando está em causa a geografia, o bastião continua a ser a Região Norte (69% de avaliações positivas). Se focamos o género, são os homens os mais satisfeitos (64%). No entanto, é quando se analisam os resultados por faixas etárias que se encontra o segmento que revela maior entusiasmo: entre os portugueses com 65 ou mais anos, Luís Montenegro tem 69% de notas positivas (e um saldo positivo de 42 pontos).
Saúde nas Urgências
Acompanhando o líder do Governo, também os ministros avaliados pelo barómetro estão em maré alta. Mas ainda há dois com saldo negativo (Nuno Melo e Ana Paula Martins) e uma notícia ainda pior para a responsável pela pasta da Saúde: não só passa a ser a pior ministra (no mês passado era o seu colega da Defesa), como está em queda, registando agora 48% de avaliações negativas (mais dez pontos do que na vaga anterior) e um saldo negativo de 12 pontos.
Para além do facto de ser uma pasta tradicionalmente difícil, quando está em causa a avaliação dos portugueses, Ana Paula Martins estará a pagar a fatura das polémicas no INEM (as dúvidas sobre os contratos dos helicópteros e a demissão do penúltimo presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica, mas ainda não a do último, que aguentou pouco mais de uma semana no cargo, mas saiu quando o trabalho de campo da sondagem já tinha terminado) e das dificuldades para assegurar o funcionamento regular das urgências hospitalares.
A ministra da Saúde é a única entre os sete ministros sujeitos a avaliação que regista um saldo negativo em todos os segmentos sociodemográficos da amostra (com destaque para os que vivem em Lisboa, as mulheres e os que têm 50 a 64 anos). A única exceção à onda negativa encontra-se nos segmentos do voto partidário: entre os eleitores da AD tem um saldo positivo de 39 pontos.
Paulo Rangel no topo
O ministro mais popular é agora Paulo Rangel (saldo positivo de 28 pontos), que ultrapassa neste barómetro Fernando Alexandre (saldo positivo de 23 pontos). O ministro dos Negócios Estrangeiros e o da Educação e Ciência têm, aliás, vários pontos em comum: têm aprovação em todos os segmentos sociodemográficos (geografia, género, idade e classe social) e, no que diz respeito ao voto partidário, só “chumbam” entre os eleitores bloquistas e comunistas. E se Rangel está melhor entre os eleitores da AD, Alexandre tem melhor avaliação nos socialistas.
Segue-se, neste ranking, um trio de ministros, todos com um saldo positivo de quatro pontos: Joaquim Miranda Sarmento, Margarida Blasco e Miguel Pinto Luz. Mas é o ministro de Estado e das Finanças que recolhe maior percentagem de avaliações positivas (41%), seguindo-se a da Administração Interna (que ainda não beneficiou do acordo com as forças de segurança, concluído já depois de terminada a recolha de inquéritos) e o das Infraestruturas e Habitação, ambos com 38% de notas positivas.
Tome nota
Falta de notoriedade
Um em cada dez inquiridos (11%) não tem opinião sobre a prestação do primeiro-ministro. Mas essa proporção mais do que duplica quando se pede a avaliação aos seus ministros, o que aponta para um problema de falta de notoriedade.
Visibilidade na Saúde
No caso de Margarida Blasco (Administração Interna) e Miguel Pinto Luz (Infraestruturas e Habitação), quase três em cada dez portugueses (28%) são incapazes de os avaliar. Na Saúde, pasta de grande visibilidade, são apenas 16%.
Negativo a positivo
O ministro das Finanças passou de um cenário negativo para uma avaliação positiva da generalidade dos portugueses. Mas continua em dificuldades entre os que vivem no Sul, os mais jovens, as mulheres e os que têm 50 a 64 anos.
Mulheres e homens
Uma das explicações para a melhoria na avaliação de Margarida Blasco está no género. A ministra da Administração Interna já tinha saldo positivo entre as mulheres e, neste barómetro, conquistou também os homens.
Defesa no vermelho
O ministro da Defesa, e líder do CDS, subiu alguns pontos, mas continua no vermelho. Só regista saldo positivo na AD e nos que têm 35/49 anos. Tem saldo zero no Centro e entre os mais velhos. E saldo negativo nos outros segmentos.
Eleitores socialistas
Os eleitores socialistas fazem uma avaliação positiva do primeiro-ministro e dos ministros Rangel e Alexandre. Blasco e Pinto Luz já ficam no vermelho, mas por muito pouco. Claramente negativo é o saldo de Sarmento, Melo e Martins.