O Governo vai dedicar, esta quinta-feira, a reunião do Conselho de Ministros a desenhar as medidas de apoio às empresas exportadoras que estão a sentir os impactos das tarifas dos Estados Unidos da América (EUA).
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Donald Trump suspendeu esta quarta-feira as tarifas recíprocas anunciadas contra vários países e a União Europeia. A suspensão aconteceu após o anúncio da Comissão Europeia (CE) de que fora aprovada uma taxa aduaneira de 25% sobre produtos dos EUA.
Ainda antes da resposta de Bruxelas, Luís Montenegro manifestou-se preocupado com a escalada do confronto comercial e prometeu que a reunião do Conselho de Ministros, quinta-feira, será dedicada ao apoio às empresas exportadoras que podem sofrer com as tarifas de Trump. Mas não especificou se também se debruçará sobre apoios aos consumidores que poderão perder poder de compra com a escalada dos preços dos produtos oriundos dos EUA.
A reação de Luís Montenegro surgiu depois de o líder do PS, Pedro Nuno Santos, ter dito que a inação do Governo nesta matéria “é evidente”: “Aquilo que precisávamos era ter um Governo que reagisse com maior rapidez como fez o Governo espanhol”. Rui Rocha, da IL, mostrou-se contra a resposta igual da CE, enquanto Rui Tavares, do Livre, pediu apoios para as empresas.
Vários setores da economia portuguesa manifestaram, esta quarta-feira, preocupação. João Vieira Lopes, do comércio e serviços, disse que prevê o aumento da inflação nalguns produtos como “as novas tecnologias”. Rafael Campos Pereira, dos metalúrgicos, afirmou que os novos apoios só serão eficazes se houver “um esforço de desburocratização”.
Pedro Costa Ferreira, das agências de viagens, receia um travão no mercado norte-americano. Hélder Pedro, dos automóveis, avisa que o país será “indiretamente penalizado” pelo impacto nas vendas alemãs e francesas, ao passo que os jovens agricultores pedem uma “reação ponderada”. Só o setor dos combustíveis “não será afetado de imediato”, reagiu António Comprido.
Suspensas sem justificação
Estas são as consequências do avanço das tarifas que, para já, estão suspensas. Sem justificar porquê, esta quarta-feira, Donald Trump anunciou na sua rede social que fez “uma pausa de 90 dias e uma redução substancial das tarifas recíprocas durante este período”. A suspensão aconteceu após a CE anunciar que aprovou uma tarifa de 25% para 1680 bens.
Em comunicado, a CE justificou que esta é “a resposta à decisão dos EUA de imporem tarifas nas importações de aço e alumínio da União Europeia”, tomada em março. É apenas a primeira resposta, pois ainda não contempla os efeitos das tarifas de 20% impostas por Donald Trump aos produtos europeus, que foram suspensas esta quarta-feira.
No anúncio, Bruxelas ressalvou que “as medidas de resposta podem ser suspensas a qualquer momento, no caso de os EUA concordarem com uma justa e equitativa negociação”. Assim, face à suspensão das tarifas por 90 dias, é muito provável que também a CE suspenda a aplicação da taxa aduaneira de 25% sobre os produtos dos EUA. A previsão anterior era de que as tarifas europeias pudessem entrar em vigor na próxima quarta-feira.
A resposta visava salvaguardar as empresas europeias, mas teria consequências no preço dos produtos, alimentando receios de uma crise inflacionista. Para já, a lista final aprovada ainda não é conhecida, mas a Euronews avançou que é igual à que tinha sido conhecida há um mês, onde constavam produtos como barcos, café, cobre, ferro, aves, motas e sumos.