Entraram 8190 estudantes, menos 14% face ao ano passado, tendo 60% dos candidatos ficado de fora. Educação Básica preencheu todas as vagas.
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Veja aqui os resultados das colocações na segunda fase do Ensino Superior.
Com o número de candidatos em alta e o de vagas em baixa, 60% dos estudantes que concorreram à 2.ª fase do Concurso Nacional de Acesso não conseguiram lugar. São 8190 os alunos agora colocados, menos 14% face ao ano passado. A que não é alheio o número de vagas iniciais disponibilizadas pelas instituições: 9952 (-10%). Mesmo assim, 59 cursos ficaram desertos. E, em 32, o último colocado entrou com nota superior a 18 valores. Já Educação Básica viu todas as vagas preenchidas. Somando as duas fases, entraram já no Superior 50.767 novos estudantes (-0,8%).
A perda é transversal. Seja sistema universitário ou politécnico. Do litoral ou do interior. Apenas a Universidade Nova de Lisboa e as escolas de Hotelaria do Estoril e Náutica Infante D. Henrique colocaram mais alunos face ao ano passado. Naquele que é o valor de colocados mais baixo dos últimos 18 anos: em 2004, foram 7292 (66% dos candidatos), com mais de 13 mil vagas a concurso.
Para o secretário de Estado do Ensino Superior, uma das explicações está nos resultados da 1.ª fase: 56% ficaram colocados na 1.ª opção e 90,4% efetivaram a matrícula, no valor mais alto dos últimos seis anos. Relativamente às vagas – uma por cada dois candidatos –, a análise é mais complexa. Primeiro, pelo peso da procura no “eixo litoral”. Só para dar dois exemplos, as universidades do Porto e de Lisboa tiveram, respetivamente, 6,7 e 4,3 candidatos em 1.ª opção por cada vaga a concurso. Sendo que em 27 cursos, muitos dos quais com elevada concentração de bons alunos, não foram disponibilizados quaisquer lugares.
Ao JN, Pedro Teixeira explica, por um lado, que “bastantes cursos estão no limite máximo de vagas para os quais estão acreditados”, admitindo que algumas instituições peçam à Agência de Avaliação e Acreditação para “aumentarem o limite”. Questionado pelo financiamento – ao repto, da tutela, para abrirem mais vagas em determinadas áreas, algumas instituições argumentam estar no limite da capacidade financeira –, o secretário de Estado reconhece que, com o atual modelo, “se aumentar [as vagas] o financiamento é o mesmo; logo, baixa por aluno”. Acreditando, no entanto, que a nova fórmula de financiamento, que entrará no próximo Orçamento do Estado e “passa a contar o número de alunos, “também pode ajudar”.
Educação Básica enche
Quanto a médias de entrada, em 31 cursos – 69% dos quais em Lisboa e no Porto –, o último colocado entrou com 18 ou mais valores. E, em quatro, com mais de 19: Medicina (19,43), na Faculdade de Medicina do Porto; Arquitetura (19,2), na UPorto; Engenharia Aeroespacial (19,2), no Instituto Superior Técnico; e Design e Comunicação (19,1), na UPorto.
Analisando por área de estudos, destaque para o facto de os cursos de Educação Básica – o Governo permitiu um reforço das vagas face à falta de professores –, todos os que abriram lugares ocuparam-nos, tendo sido colocados 117 alunos. “Sinal de que a mensagem de que vai ser uma via com perspetiva de emprego no futuro tem passado”, comenta o governante.
Nesta 2.ª fase, 76% dos estudantes ficaram colocados nas três primeiras opções (menos três pontos percentuais face ao ano passado), não tendo sido possível apurar quantos em 1.ª. Analisando os mais de 20 mil candidatos, apenas 22% não tinham ainda concorrido. Isto porque 7314 tinham sido colocados na 1.ª fase, outros 2115 que não se matricularam e mais de 6500 que não conseguiram colocação na 1.ª fase. Para a última e terceira fase do concurso sobram, então, 3936 vagas, sendo que cada instituição decide se a abre.
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Total de colocados
Apesar da redução do número de colocados na 2.ª fase, contabilizando a 1.ª – com 84% dos candidatos colocados, contra 81% em 2022 e 77% em 2021 – são já 50.767 os novos estudantes do Ensino Superior.
Prazos
Os alunos agora colocados devem realizar a sua matrícula até ao próximo dia 19. As vagas da 3.ª fase, que decorre entre 22 e 25 de setembro, são divulgadas dia 22.
Vagas iniciais e totais
A 2.ª fase, cujos resultados são agora conhecidos, arrancou com 9952 vagas iniciais. A que se juntaram mais 2071 libertadas pelos candidatos colocados e matriculados na 1.ª que foram agora colocados e mais 103 vagas adicionais.