A polícia de Nova Iorque está a usar tecnologia de reconhecimento facial e um telemóvel descartado para identificar o assassino de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare. A chave do mistério pode estar numa imagem de videovigilância de um Starbucks nas proximidades do local do crime.
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O CEO da gigante norte-americana de seguros de saúde, de 50 anos, foi mortalmente baleado na quarta-feira, pelas 6.45 horas locais (11.45 horas em Portugal continental), no exterior do hotel Hilton em Midtown Manhattan, uma parte movimentada perto da Times Square e do Central Park. Thompson ia falar numa conferência de investidores mais tarde naquele dia.
A polícia acredita que se trata de assassinato premeditado. O suspeito, que usava uma casaco escuro e uma máscara preta, parecia estar à espera de Thompson. Foi visto a chegar a pé, cerca de 10 minutos antes do ataque, enquanto fazia um chamada telefónica, de acordo com o "The New York Times". Quando Thompson chegou, também a pé, o agressor atingiu-o a tiro nas costas e na perna. Foi declarado morto num hospital local. O agressor fugiu do local sem levar nenhum dos pertences da vítima. Um vídeo mostra o suspeito a fugir a pé. Foi avistado pela última vez no Central Park numa bicicleta elétrica.
Várias pistas
Para identificar o suspeito, as autoridades estão a concentrar-se em algumas pistas, nomeadamente uma imagem de videovigilância de um Starbucks próximo do local do ataque. Fontes policiais disseram à "CBS News" que a máscara que o suspeito usa na cara permite ver os olhos e parte do nariz. Os investigadores estão a usar software de reconhecimento facial para tentar identificar o homem.
A polícia está também a tentar encontrar ADN do suspeito em três cápsulas de bala e três cartuchos encontrados na cena do crime. As palavras "negar", "defender" e "depor" foram descobertas nos invólucros, disseram fontes policiais à "ABC News". Os detetives estão a tentar determinar se as palavras são uma mensagem do atirador. As palavras podem ser uma referência a estratégias que as companhias de seguros utilizam para tentar evitar o pagamento de indemnizações, de acordo com a agência norte-americana AP.
As autoridades também encontraram um telemóvel, uma garrafa de água e um papel de rebuçado ao longo da rota de fuga do suspeito. Além disso, a polícia está a recolher informações sobre a bicicleta elétrica usada na fuga, nomeadamente o seu dispositivo GPS.
A polícia está a oferecer uma recompensa até 10 mil dólares (9500 euros) a quem tiver informações sobre a morte de Thompson.
Motivação do crime continua a ser um mistério
Até agora, os investigadores ainda não identificaram um motivo para o assassinato, embora a polícia tenha notado que o agressor fugiu sem levar nenhum dos pertences de Thompson.
Numa entrevista à "MSNBC", a mulher de Thompson, Paulette, disse que, no passado, o CEO recebeu "algumas ameaças". "Só sei que ele disse que havia algumas pessoas que o estavam a ameaçar", contou.
Brian Thompson morava em Minnesota, mas estava em Nova Iorque para a conferência anual de investidores da UnitedHealthcare na quarta-feira de manhã. Juntou-se ao UnitedHealth Group, sediado em Minnesota, em 2004 e era CEO desde abril de 2021. Antes dessa função, foi CEO de programas governamentais da UnitedHealthcare.
A United é a maior seguradora de saúde em participação de mercado nos Estados Unidos. A empresa tem sido alvo de protestos frequentes de ativistas por supostamente negar sistematicamente atendimento aos pacientes. Um desses protestos, no início deste ano, levou à detenção de 11 pessoas no exterior da sede da United Healthcare em Minnetonka, Minnesota.
A empresa também fez manchetes em fevereiro depois de ter sido alvo de um ataque cibernético que custou 872 milhões de dólares (828 milhões de euros).
Thompson também estava a ser investigado pelo Departamento de Justiça por violações da lei da concorrência e acusado de negociação com informações privilegiadas.