A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) apelou à denúncia de "influenciadores que propagam discursos de ódio" contra as mulheres. Lamenta que "lucrem" com este discurso e lembra, em nota pública, que este tipo de narrativas não é liberdade de expressão, é forma de "violência contra as mulheres".
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O discurso de ódio contra as mulheres voltou a estar na ordem do dia esta semana depois de o youtuber João Barbosa, conhecido como Numeiro, ter usado as suas redes sociais para criticar as mulheres que, com namorado, saem à noite. As declarações polémicas escalaram nas visualizações e nas críticas por parte de anónimos, famosos - como Ana Garcia Martins, conhecida por A Pipoca Mais Doce, e Rita Ferro Rodrigues - e alertas por parte das autoridades.
Em nota pública emitida pela CIG, a entidade apela a que estes conteúdos sejam denunciados. “Se conhece publicações nas redes sociais que promovem discursos misóginos, denuncie! Se identifica influenciadores que propagam estes discursos de ódio, não hesite em agir”, pede a CIG.
A estrutura distingue liberdade de expressão de discurso de ódio e lembra que "é cada vez mais comum observarmos, nas redes sociais, comportamentos que transformam o desprezo e o desrespeito pelas mulheres num espetáculo público". "O discurso misógino, frequentemente disfarçado sob a fachada de ‘humor’, ‘opinião’ ou ‘autenticidade’, não é mais do que uma forma de violência contra as mulheres", lê-se no mesmo comunicado.
Para a CIG, "é evidente como certos influenciadores lucram com discursos de ódio, muitas vezes com repercussões profundas na sociedade” e que “ridicularizar, atacar e promover o ódio contra as mulheres em nome da visibilidade digital é perigoso e inaceitável”. “Alguns daqueles que se apresentam como "influenciadores" utilizam o seu alcance digital para desinformar, manipular e disseminar ideias que, não só reforçam a desigualdade de género, mas também alimentam práticas discriminatórias", lê-se ainda na mesma nota.
"É fundamental compreender que o discurso de ódio não é, de forma alguma, liberdade de expressão. Pelo contrário, trata-se de um ataque direto aos direitos humanos, à dignidade das mulheres e à construção de uma sociedade justa e igualitária. Este tipo de discurso, que desumaniza e marginaliza, não deve ser tolerado", sublinha a entidade.