As autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islamita palestiniano Hamas, emitiram um "apelo urgente" a quem tiver combustível para contactar "imediatamente" o Ministério da Saúde local, perante a iminência de falta de energia nos hospitais.
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O cerco de Israel àquele enclave palestiniano, em retaliação contra a ofensiva do Hamas a território israelita a 07 de outubro, causou uma escassez que ameaça suspender os serviços de saúde, pondo em perigo a vida de milhares de feridos e doentes.
"Os internamentos hospitalares estão praticamente em colapso por causa dos cortes de eletricidade", explicou o porta-voz do ministério, Ashraf al-Qidra, pedindo aos proprietários de bombas de gasolina e a todos os palestinianos residentes em Gaza que tenham "qualquer número de litros" de combustível para contactarem as autoridades ou ligarem para uma linha telefónica gratuita, de acordo com uma mensagem publicada na rede social Facebook.
Horas antes, o Turkish Friendship Hospital, o único centro oncológico da Faixa de Gaza, suspendeu grande parte dos serviços devido à escassez de combustível e alertou de que terá que interromper totalmente o seu funcionamento dentro de 48 horas, segundo o seu diretor, Sobhi Skik, ao passo que a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA) indicou que "se espera que as reservas de combustível em todos os hospitais de Gaza durem mais 24 horas".
"A paragem dos geradores de apoio colocaria em sério risco a vida de milhares de doentes", avisou a UNRWA, sublinhando que "são necessários 600.000 litros de combustível por dia em Gaza para fazer funcionar as centrais de água e dessalinização".
"A água continua a ser fundamental, uma vez que as pessoas começarão a morrer se não tiverem água", insistiu o organismo, referindo-se à escassez causada pelo "cerco total" imposto por Israel àquele enclave palestiniano, que impede a entrada de alimentos, água, eletricidade e combustível, bem como de medicamentos e material médico, entre outras coisas.
Combatentes palestinianos do movimento islamita Hamas atacaram a 07 de outubro o sul de Israel em várias frentes a partir da Faixa de Gaza, matando mais de 1.400 pessoas, na maioria civis, e capturando outras 200, mantidas em cativeiro em Gaza e algumas delas entretanto mortas -- segundo o Hamas, pelos bombardeamentos israelitas. Outras milícias capturaram outras 50 pessoas.
Tratou-se de uma ofensiva por terra, mar e ar apoiada pelo grupo xiita libanês Hezbollah e pelo ramo palestiniano da Jihad Islâmica.
A forte retaliação israelita matou até agora mais de 2.800 pessoas e feriu cerca de 9.600 naquele enclave palestiniano pobre desde 2007 controlado pelo Hamas, grupo classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia (UE) e por Israel.
Mas o porta-voz do Ministério da Saúde local disse na segunda-feira haver denúncias relativas a cerca de 1.200 desaparecidos entre os escombros, entre os quais cerca de 500 crianças, pelo que se teme que o número de mortos seja ainda maior.
Israel, que planeia uma ofensiva terrestre ao norte daquele território palestiniano, emitiu um ultimato para a população civil (cerca de 1,1 milhões de pessoas) o abandonar e se dirigir para o sul -- uma deslocação forçada que originou protestos da comunidade internacional.