Patrocínio Azevedo, o ex-vice-presidente da Câmara de Gaia que começou, na tarde desta segunda-feira, a prestar declarações garantiu aos juízes: "não participei em nenhum pacto secreto e corruptivo".
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Patrocínio é o primeiro arguido que aceitou falar perante do coletivo de juízes do Tribunal de Gaia e assegurou que nunca entrou em esquemas de corrupção no urbanismo, ao contrário do que vem acusado. Sobre o advogado João Lopes, de quem o Ministério Público garante ter recebido 120 mil euros para facilitar os interesses dos construtores Paulo Malafaia e Elad Dror, Patrocínio garante que a sua relação com ele foi sempre institucional.
"Até somos de partidos diferentes. Eu do PS e ele militante do PSD. Estou preso há 20 meses, sem possibilidade de consultar o processo, sem possibilidade de definir estratégia de defesa com o meu advogado", lamentou Patrocínio que garantiu serem os seus filhos que estão a garantir o sustento da família.
Questionado pelos juízes sobre as circunstâncias que levaram a Câmara de Gaia a escolher a localização do Centro de Congresso, que seria uma das torres mais altas do país, Patrocínio Azevedo assegurou que a autarquia não tinha dinheiro para expropriações e necessitava de fazer uma parceria com privados (Malafaia e Dror). "Foi o senhor presidente [Eduardo Vítor Rodrigues] quem escolheu o local. Não tive interferência na decisão de construir o centro, nem escolhi o local", assegurou o ex-vice-presidente da Câmara de Gaia, em prisão preventiva desde meados de 2023.
Na manhã desta segunda-feira, nas alegações introdutórias, os advogados dos principais arguidos, como Patrocínio, Paulo Malafaia que também está em preventiva, e Elad Dror garantiram que iriam demonstrar que a acusação do processo da Operação Babel é "irracional" e que o Ministério Público limitou-se a fazer efabulações.
Recorde-se que o Tribunal de Vila Nova de Gaia começou a julgar 16 arguidos por dezenas de alegados crimes económicos, incluindo o ex-vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia Patrocínio Azevedo, o empresário Paulo Malafaia e o cofundador do Grupo Fortera, Elad Dror.
Em causa está a alegada viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanísticos no concelho. Segundo a acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto, neste processo, com quase mil páginas, estão também acusados o advogado João Lopes, Luísa Aparício, que à data dos factos dirigia a Direção Municipal de Urbanismo e Ambiente da Câmara de Gaia, o economista espanhol Jordi Busquets e dez sociedades, a maioria pertencente ao Grupo Fortera, com capitais israelitas e ligado aos negócios e à promoção imobiliária.