O presidente da República revelou que se reuniu com a procuradora-geral da República, Lucília Gago, no dia da demissão do primeiro-ministro, a pedido deste. Esta quinta-feira, repetidamente questionado pelos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa disse que seria "muito insensato" estar a comentar a atuação da Justiça.
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"O sr. primeiro-ministro já esclareceu que ele pediu para eu pedir o encontro à senhora procuradora-geral da República. Mais do que isso não posso dizer", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, lacónico, durante uma visita à Guiné-Bissau, onde se celebram os 50 anos da independência desta antiga colónia portuguesa.
Questionado sobre as recentes críticas do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, à atuação da Justiça no caso que ditou a queda de António Costa, Marcelo recusou comentar. Perante a insistência dos jornalistas, afirmou apenas que seria "muito insensato" estar a pronunciar-se sobre a chamada "Operação Influencer".
O chefe de Estado foi insistindo que, num período pré-eleitoral como o atual, qualquer comentário da sua parte sobre "o que está a ser vivido" em Portugal seria "o pior que podia fazer", uma vez que estaria a ser "interveniente" na vida política. Frisando que se "fechou um ciclo" no país, disse não querer influenciar o que ocorrerá num "futuro próximo".
Relação com Costa está "exatamente" igual
Marcelo assegurou que o seu relacionamento com Costa mantém-se "exatamente aquele que era, em termos pessoais e institucionais, desde sempre". Reconheceu apenas que a rapidez da crise política o apanhou de surpresa: "A minha ideia era que a situação que se vivia no dia 6 se pudesse viver de uma forma mais prolongada no tempo", frisou. Costa, recorde-se, apresentou a demissão no passado dia 7.
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa estão juntos na Guiné-Bissau. Nos últimos dias, têm sido várias as vozes a pedir que o Ministério Público dê mais explicações sobre o caso que levou à queda de Costa e do Governo.
No dia da demissão do primeiro-ministro, Lucília Gago esteve reunida com Marcelo, em Belém. Pouco depois, Costa apresentaria a demissão.