A anglo-australiana Rio Tinto desistiu da exploração das minas de ferro de Moncorvo depois de semanas de intensas negociações entre o atual concessionário e o Governo, disse fonte próxima do processo à agência Lusa.
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As conversações terminaram na semana passada depois de a Minning Technology Investments (MTI), que detém os direitos de concessão das minas de Moncorvo até 2070, "não ter conseguido provar junto da Rio Tinto que o projeto era viável e rentável", adiantou a mesma fonte à Agência Lusa.
Este desfecho colocou assim em causa um projeto de exploração de ferro com um investimento superior a mil milhões de euros na região de Moncorvo, com recursos medidos e indicados de 552 milhões de toneladas de minério e recursos inferidos de mil milhões de toneladas.
O investimento iria permitir, numa primeira fase, a criação de 420 novos postos de trabalho diretos e cerca de 800 indiretos, bem como a criação de um pólo de investigação e desenvolvimento no Nordeste Transmontano, com parcerias com instituições locais e internacionais.
Em outubro do ano passado, o ministro da Economia Álvaro Santos Pereira admitiu haver "conversações" com várias empresas dos setor mineiro, entre as quais a Rio Tinto, acrescentando que "o setor geológico e mineiro são setores com elevado potencial para Portugal que tem recursos riquíssimos portanto o que temos de fazer é aproveitar".
A mesma fonte refere também que, para além da incerteza do projeto, a decisão da Rio Tinto em abandonar Moncorvo teve também a ver com um plano de redução de custos e uma alteração na sua política de investimento que inclui o adiamento de novos projetos e a focalização do negócio na Austrália.
O presidente executivo da Rio Tinto, Tom Albanese, afirmou recentemente que a multinacional se vai concentrar "apenas em projetos com altas taxas de retorno", como a expansão de operações de minério de ferro na Austrália. Tom Albanese adiantou que, perante as incertezas do setor, a Rio Tinto poderá "cortar ou adiar novos projetos".
Em resposta à Lusa, o porta-voz da Rio Tinto, Harri Illtud, disse que não fazia qualquer comentário sobre esta matéria.
O presidente executivo da Rio Tinto referiu que um dos projetos ameaçados é a exploração da mina de carvão Mount Pleaseant, na Austrália, um investimento de cerca de 1500 milhões de euros, bem como um grande projeto em Simandou, na Guiné, de exploração de minas de ferro, na qual a empresa se comprometeu a iniciar a produção em 2014, sendo certo que ainda nem está no terreno correndo o perigo de perder a concessão.
A Rio Tinto obteve uma quebra de 59 % dos lucros anuais, para 5800 milhões de dólares, devido à absorção de imparidades no valor de 8900 milhões de dólares provenientes da divisão de alumínio.
Contactado pela Lusa, fonte oficial do Ministério da Economia disse não comentar "negociações em curso, nem as empresas envolvidas".
Esta terça-feira, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira afirmou, numa audição na comissão parlamentar de Economia, que o Governo ja assinou 60 contratos de exploração mineira. "É um setor prioritário para o Governo e estamos a trabalhar num plano estratégico que será apresentado em breve", salientou.