O Governo reviu em alta o valor da dívida pública para este ano, fixando-o nos 130,9% do PIB, um aumento de 0,7 pontos percentuais face às previsões mais recentes, disse a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.
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"Fazemos uma revisão do que é a previsão da dívida para os 130,9% do PIB [Produto Interno Bruto]", disse Maria Luís Albuquerque, esta quinta-feira, na conferência de imprensa para apresentação do segundo orçamento retificativo deste ano.
No cenário macroeconómico mais recente, apresentado em abril, no Documento de Estratégia Orçamental (DEO), o Governo estimava que a dívida pública se fixasse nos 130,2% do PIB este ano. O Orçamento do Estado para 2014 previa uma dívida pública de 126,6% do PIB.
No final do primeiro semestre, a dívida pública portuguesa subiu para os 134% do PIB, acima dos 132,4% registados no final dos primeiros três meses de 2014, segundo o Banco de Portugal.
"Rejeito inteiramente que a dívida esteja fora do controlo. Ela mantém-se dentro das nossas previsões", disse a ministra, reafirmando que a "dívida é sustentável".
Maria Luís Albuquerque disse ainda que a apresentação de orçamentos retificativos representa uma "clara demonstração de respeito democrático" num período de "incerteza absolutamente fora do normal" em dados económicos.
"Enfrentámos ao longo destes três anos a maior crise dos últimos 80 anos o que traz consigo um nível de incerteza absolutamente fora do normal", declarou a governante.
Maria Luís Albuquerque havia sido questionada sobre declarações de quarta-feira do secretário-geral do PS, António José Seguro, que disse não esperar surpresas no retificativo e criticando o "Governo dos retificativos" e a sua estratégia orçamental.
A apresentação de orçamentos retificativos representa uma "transparente e clara demonstração de respeito democrático", reiterou a ministra, desvalorizando as críticas e lembrando que os retificativos passam também pelo parlamento e não só pelo Conselho de Ministros.
Maria Luís Albuquerque sublinhou ainda que quando se começa a executar o orçamento de um ano, que surge em outubro, os dados que lhe servem de base estão "frequentemente desatualizados" porque dizem respeito a meses anteriores e, num período de instabilidade, podem mudar.
"Poderão dizer que o Governo falha as previsões. Mas não encontrei nos últimos três anos uma única instituição que tivesse acertado as previsões", acrescentou a governante.