O acordo sobre o programa nuclear iraniano foi assinado esta terça-feira, após 21 meses de negociações. O presidente do Parlamento Europeu afirma que o acordo marca o início de uma nova era, Portugal destaca a importância da "efetiva aplicação do acordo" e Putin diz que o mundo respira de alívio.
Corpo do artigo
Governo português congratula-se com conclusão de acordo
"O Governo português congratula-se com o acordo alcançado hoje em Viena sobre o programa nuclear iraniano e enaltece o empenho que os negociadores em nome da comunidade internacional - Alemanha, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia, sob a liderança da Alta Representante Federica Mogherini - e o Irão colocaram na sua conclusão", refere o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) em comunicado.
O MNE sublinha que "o acordo agora alcançado culmina mais de 12 anos de negociações e evidencia, tal como Portugal sempre defendeu, que a solução para a questão nuclear iraniana só poderia ser atingida pela via negocial". O ministério classifica ainda este acordo como "um importante contributo para evitar a corrida ao armamento na região do Médio Oriente".
"É agora essencial garantir a efetiva aplicação do acordo, nos prazos previstos", defende o MNE, acrescentando que "a comunidade internacional deverá continuar a assumir as suas responsabilidades no acompanhamento deste processo".
Putin saúda acordo e diz que o mundo suspirou de alívio
Numa declaração divulgada pelo Kremlin, o presidente russo, Vladimir Putin, considera que, apesar das "tentativas em defesa de um recurso à força", o acordo representa "uma escolha firme pela estabilidade e cooperação".
"Estamos certos que o mundo hoje deu um enorme suspiro de alívio", adiantou o presidente russo.
O chefe de Estado russo disse ainda contar com que todas as partes envolvidas "apliquem o acordo na sua totalidade", prometendo que a Rússia fará "todo o possível" para que ele funcione.
Considerou igualmente que o acordo dará um "forte impulso" às relações entre o Irão e a Rússia.
Presidente sírio felicita aliado iraniano
Numa carta dirigida ao guia supremo iraniano, Ali Khamenei, Assad declara-se "feliz por a República Islâmica do Irão ter conseguido uma vitória histórica através do acordo".
"A assinatura deste acordo é considerada um ponto de viragem na história do Irão, da região e do mundo e um claro reconhecimento da parte das potências mundiais do caráter pacífico do programa nuclear iraniano", refere o presidente sírio.
Assad também enviou uma carta ao seu homólogo Hassan Rohani.
Vaticano considera o acordo positivo
O porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, considerou positivo o acordo sobre o programa nuclear do Irão, uma decisão que "requer a continuação do esforços e do compromisso de todos para que dê frutos".
O Vaticano espera que os resultados "não se limitem apenas ao âmbito do programa nuclear, mas que se estendam a outros setores".
Presidente do Conselho Europeu diz que acordo abre novas perspetivas de cooperação
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, considera que o acordo é um "grande avanço, que põe fim a 13 anos de impasse" na questão do programa nuclear. Tusk disse ainda que "se for plenamente aplicado, o acordo pode ser um ponto de viragem nas relações entre o Irão e a comunidade internacional, abrindo caminho a novas avenidas na cooperação entre a UE e o Irão".
"Geopoliticamente, tal tem o potencial de mudar as regras do jogo", opinou o presidente do Conselho Europeu, numa mensagem divulgada em Bruxelas.
Sublinhando o papel desempenhado nas negociações pela Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini, o presidente do Conselho Europeu assinalou que "o texto do acordo é preciso", no sentido de que é necessário que agora todos unam forças, "tendo em conta as sensibilidades regionais".
Presidente do Parlamento Europeu diz que acordo marca início de nova era
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, considerou que o acordo alcançado esta terça-feira "marca o início de uma nova era na relação entre o Irão e o resto do mundo".
"Depois de anos de sanções e relações tensas, este acordo é bom para todos. Este acordo é bom para o Irão, é bom para a região e é bom para a segurança global", afirmou o político alemão, em comunicado.
Schulz disse que agora o importante é a aplicação do acordo e que isso será fundamental para amenizar os conflitos regionais.
Secretário-geral da NATO destaca "avanço histórico"
"Este acordo representa um avanço histórico e, uma vez que esteja aplicado na totalidade, irá reforçar a segurança internacional", disse o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que cumprimentou as partes pelo desfecho das negociações.
O responsável pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa) considerou ainda que Teerão tem que adotar todas as disposições do acordo de modo a "cumprir com as suas obrigações internacionais".
Oposição iraniana no exílio lamenta acordo
A presidente do Conselho Nacional da Resistência Iraniana (CNRI, oposição no exílio), reagiu ao acordo firmado entre as grandes potências e o Irão para lamentar que Teerão seja autorizado a prosseguir o enriquecimento de urânio.
"Se os países 5+1 mostrassem firmeza, o regime iraniano não teria outra escolha senão proceder a um recuo total e ao abandono definitivo da sua corrida às armas nucleares", sublinhou em comunicado.
"Especialmente, teria cessado todo o enriquecimento de urânio e a interrupção total dos seus projetos de produção da bomba atómica", sublinhou a opositora.
"Apesar das lacunas e concessões injustificáveis à ditadura religiosa", o acordo constitui no entanto "um recuo imposto" ao regime dos 'mullahs' em Teerão, acrescenta o comunicado.
Este recuo "vai agudizar a guerra no topo do poder e contribuir para quebrar o equilíbrio interno em desfavor do guia supremo", considerou Maryam Radjavi, precisando que "esta luta pelo poder no topo vai alastrar a todos os seus níveis".
"De momento é necessário pressionar com firmeza para pôr termo a uma ingerência do regime na região e para que seja erradicado de todo o Médio Oriente", disse ainda a presidente do CNRI.