O presidente da Comissão Europeia afirmou, esta quarta-feira, durante uma visita a Lampedusa, Itália, que jamais esquecerá a imagem de centenas de caixões de vítimas do naufrágio da semana passada, e exortou os Estados-membros a intensificarem a solidariedade.
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Numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, após uma visita à ilha de Lampedusa, palco de tragédias relacionadas com tentativas de imigrantes ilegais de alcançarem território europeu, e onde na última quinta-feira um naufrágio causou cerca de 300 mortos, Durão Barroso sublinhou que "a União Europeia não pode aceitar que milhares de pessoas morram nas suas costas" e deve intensificar os seus esforços para fazer face a um desafio que é "europeu".
Durão Barroso, que visitou a ilha de Lampedusa acompanhado por Enrico Letta, pela comissária europeia dos Assuntos Internos, Cecilia Malmstrom, e pelo ministro do Interior italiano, Angelino Alfano, sublinhou a importância da presença no local, pois "uma coisa é ler os relatórios e ver na televisão, outra é estar no local a ver o sofrimento e a indignação das pessoas".
"A imagem de centenas de caixões nunca sairá da minha mente. É algo que não se esquece. Caixões de bebés, caixões de uma mãe e de um bebé que tinha acabado de nascer, foi algo que me chocou profundamente e me entristeceu muito", disse, acrescentando que são imagens que irá transmitir aos chefes de Estado e de Governo da UE, para os sensibilizar para a necessidade de mais esforços para prevenir tragédias do género.
Sustentando que "a Europa não pode olhar para o lado", o presidente do executivo comunitário disse que é necessário que todos os países da União façam "esforços proporcionais à sua dimensão e aos seus meios", pois "as instituições europeias não têm aviões, navios, os meios", mas é possível fazer mais através de uma maior cooperação e melhor cooperação entre os Estados-membros, num espírito de solidariedade.
"O que posso prometer hoje é que a Comissão vai fazer tudo o que puder, com os meios de que dispõe. Os nossos esforços não começaram agora - a UE tem desenvolvido muitos esforços nos últimos anos -, mas acho que esta tragédia de hoje mostra-nos que é indispensável aumentar os nossos esforços, e é também essa mensagem que vou transmitir no Conselho Europeu aos chefes de Estado e de Governo", disse.
Pouco antes, Enrico Letta anunciara que haverá uma "discussão urgente" na próxima cimeira de líderes da União Europeia, a 24 e 25 de outubro, sobre o êxodo dos imigrantes ilegais, que classificou como "um drama europeu".
Durão Barroso anunciou ainda um fundo adicional de 30 milhões de euros para ajudar as autoridades italianas, mas reconheceu que "é preciso fazer muito mais" para que tragédias como a da semana passada nunca mais tenham lugar na Europa.