A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua criticou, esta quarta-feira, o CDS-PP por se tentar afastar do PSD, sublinhando que o parceiro de coligação do anterior Governo teve responsabilidades na manutenção de Carlos Costa na liderança do Banco de Portugal.
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No debate na especialidade do Orçamento Retificativo, que foi aprovado esta manhã na generalidade, Mariana Mortágua lembrou a diferença entre os votos do CDS-PP (que se opôs) e do PSD (que se absteve) para apontar que os deputados democratas-cristãos pretendem agora distanciar-se dos sociais-democratas e "voltar a ser o partido do contribuinte".
A deputada bloquista acusou o anterior Governo PSD/CDS-PP de nunca ter mexido na lei que "regula os bancos que depois vão à falência" e dirigiu-se aos deputados centristas: "Encostam-se ao PSD para fazer Governo, mas depois fingem que nunca lá estiveram".
A deputada do BE lembrou que a Comissão de Inquérito ao BES chegou à conclusão de que "o Banco de Portugal cometeu falhas graves no BES".
"Se a culpa do Banif também é do Banco de Portugal (BdP), vão ter de explicar porque é que mantiveram Carlos Costa à frente do Banco de Portugal? Podiam ter mudado e não mudaram", acusou a deputada do Bloco de Esquerda, dirigindo-se aos deputados do CDS-PP.
Por outro lado, a deputada criticou a posição do CDS-PP face ao Banif: "Imputar perdas a todos os credores depositantes acima de 100.000 euros, a pequenas empresas e emigrantes. Só o dizem porque não o podem fazer", afirmou.
Mariana Mortágua disse ainda que PSD/CDS-PP "não têm legitimidade" para criticar o montante público que pode ser colocado no Banif, depois de o anterior executivo "só com dois bancos ter gastado 5.000 milhões de euros" (1.100 no Banif mais 3.900 no Novo Banco).
Sobre o argumento de que o problema foi despoletado por um rodapé da TVI, Mariana Mortágua disse que anteriormente à notícia "já toda a gente brincava que uma ação do Banif não pagava uma bica".
O Orçamento Retificativo foi hoje aprovado na globalidade (com votos favoráveis do PS e três deputados do PSD, desfavoráveis do PCP, BE, CDS-PP e PAN e abstenção do PSD) depois do anúncio no domingo pelo Governo e o Banco de Portugal da venda do Banif ao Banco Santander Totta, por um valor de 150 milhões de euros, no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco cuja maioria do capital pertencia ao Estado português, de forma a impedir a sua liquidação, numa operação que envolve um apoio público estimado em 2.255 milhões dez euros.