O deputado do PCP Miguel Tiago explicou hoje que a oposição dos comunistas ao Orçamento Retificativo "é um voto contra a política que salva bancos enquanto sacrifica pessoas", defendendo o controlo público da banca nacional.
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"O voto contra do PCP é um voto contra a política que salva bancos enquanto sacrifica pessoas. É um voto contra as imposições da União Europeia que são contrárias aos interesses dos portugueses", afirmou o deputado comunista, durante o debate na especialidade do Orçamento Retificativo.
No final da sua intervenção, Miguel Tiago afirmou ainda que "o sistema financeiro tem de estar ao serviço das pessoas. Para isso, as pessoas têm de controlar os bancos. Só a banca nas mãos do povo não rouba o país".
"A situação que está criada no Banif confirma a necessidade do controlo público da banca que o PCP tem vindo a exigir o há anos", disse.
Anteriormente, o deputado disse ainda que a oposição do PCP "é um voto contra a opção de cortar nos salários, nas pensões, na segurança das populações, na Justiça, na Cultura, na Educação, na Saúde, no banco de urgência, para pagar aventuras de banqueiros".
Miguel Tiago afirmou que o Governo PSD/CDS-PP "não serviu nem protegeu os interesses" dos clientes do Banif, dos trabalhadores, das economias dos Açores e da Madeira, nem "os milhares de emigrantes cujas poupanças estão depositadas no banco".
"O anterior Governo PSD/CDS-PP comprometeu o Estado e dinheiros públicos no Banif sem pedir sequer responsabilidades àqueles que lucraram à conta da má gestão", disse.
Para o PCP, além da postura do anterior Governo, o caso Banif "veio expor a incompatibilidade insanável entre a defesa do interesse nacional e as regeras e imposições da União Europeia".
"Impedimentos que o Governo acata, mas o PCP não", afirmou o deputado.
Miguel Tiago considerou que o caso Banif é "um verdadeiro crime económico, cujo autor moral é o Governo PSD/CDS-PP", admitindo que "resta saber com que cobertura do Presidente da República, Cavaco Silva".
Um crime económico contra o país "que remete agora para o uso de recursos públicos para salvar depósitos que foram delapidados num contexto em que tal delapidação podia ter sido impedida se o Governo PSD/CDS-PP tivesse assumido a sua posição dominante no capital do Banif".
O parlamento aprovou hoje na generalidade o Orçamento retificativo apresentado devido à resolução do Banif, com os votos favoráveis do PS, a abstenção do PSD e os votos contra do BE, PCP, CDS-PP, PEV e PAN.
A discussão e votação do retificativo foram agendadas para hoje depois do anúncio no domingo pelo Governo e o Banco de Portugal da venda do Banif ao Banco Santander Totta, por um valor de 150 milhões de euros, no âmbito da medida de resolução aplicada ao banco cuja maioria do capital pertencia ao Estado português, de forma a impedir a sua liquidação, numa operação que envolve um apoio público estimado em 2.255 milhões dez euros.