O presidente da RTP, Alberto da Ponte, garantiu que não há qualquer intenção de proceder a uma limpeza na RTP e afirmou que a prioridade da administração é estabilizar a empresa e assegurar o cumprimento do serviço público.
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"Não há nenhuma intenção de proceder a uma purga ou limpeza na RTP, a única preocupação do conselho de administração é estabilizar a RTP e permitir que ela continue a cumprir o seu serviço público".
Alberto da Ponte falava na comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e Comunicação, no âmbito de um requerimento do Bloco de Esquerda sobre o caso do visionamento das imagens dos incidentes da manifestação de 14 de novembro pela PSP nas instalações da RTP.
Questionado se quer o ministério da Administração Interna, como o dos Assuntos Parlamentares tiveram alguma influência no processo, Alberto da Ponte foi perentório: "Volto a garantir que não tiveram qualquer comunicação comigo sobre este processo".
Alberto da Ponte, que entregou uma cópia do inquérito interno para os parlamentares consultarem, escusou-se a avançar com nomes e detalhes do caso das imagens, remetendo as respostas para o documento.
Disse que teve conhecimento dos factos no dia 20 de novembro, cerca das 22:00, quando estava no estádio da Luz e recebeu SMS do diretor-geral de Conteúdos, Luís Marinho.
Alberto da Ponte adiantou que no dia 14 de novembro um agente da PSP contactou telefonicamente uma subdiretora solicitando o visionamento e "esse pedido foi transmitido de forma clara e inequívoca ao ex-diretor de Informação", Nuno Santos.
Este "autorizou de forma clara e inequívoca a polícia de segurança pública a visualizar imagens, dando indicações para fossem vistas".
A partir de determinada altura "há uma espécie de consciência que se toma de que algo não correu bem" e então "é nessa altura que é feito o pedido formal, no dia 16", através de uma carta dirigida à direção do arquivo.
"Em conclusão: foi feito visionamento dentro das instalações, foram feitas as gravações e essas não saíram da Rádio Televisão de Portugal porque deve ter havido a consciência de que as coisas não estavam a ser cumpridas".
O mesmo responsável adiantou que o nome dos polícias constam no inquérito interno da empresa e neste processo todas as pessoas envolvidas foram ouvidas.
O gestor disse que todo o processo resulta de "um incidente funcional".
Em resposta ao Bloco de Esquerda, Alberto da Ponte disse: "Os dados que constam no inquérito e os testemunhos e até os SMS demonstram que nos é permitido ter a certeza de que o diretor de Informação teve conhecimento, deu autorização e fê-lo de forma inequívoca".
O gestor adiantou que se não fosse este incidente, Nuno Santos "ter-se-ia mantido" como diretor de Informação.
Questionado pelos deputados sobre o cargo de Luís Marinho, Alberto da Ponte considerou que a função de diretor-geral de Conteúdos é um "lugar útil", que "permite fazer uma harmonização dos conteúdos".
O caso do visionamento de imagens não editadas dos incidentes levou a que Nuno Santos tivesse apresentado a demissão e os restantes membros da equipa foram exonerados pela administração.
Paulo Ferreira é nome indicado para diretor de Informação da RTP, aguardando agora o parecer da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
Além deste parecer, a ERC abriu um inquérito sobre o caso, onde irá ouvir todas as pessoas envolvidas no processo.