<p>O Parlamento Europeu atribuiu hoje, quinta-feira, o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento ao dissidente cubano Guillermo Farinas, que realizou 23 greves de fome contra o regime castrista. É o "reconhecimento da luta do povo cubano", considera.</p>
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A informação foi avançada por fontes parlamentares citadas pela agência noticiosa francesa AFP e anunciada oficialmente às 12 horas (11 horas em Lisboa) pelo presidente do Parlamento Europeu (PE), Jerzy Buzek, perante os deputados reunidos em plenário em Estrasburgo (França).
"Ele estava pronto a sacrificar a sua saúde e a sua vida para conseguir mudanças em Cuba", sublinhou.
Guillermo Farinas, de 48 anos, foi escolhido pelos líderes dos grupos políticos do PE face a dois outros finalistas: a opositora etíope Birtukan Mideksa e a organização não governamental "Breaking the silence", que dá voz a antigos soldados do exército israelita.
A decisão final foi consensual entre as forças políticas, disse fonte parlamentar.
O significado do galardão é "em primeiro lugar um reconhecimento da luta do povo cubano que está nas prisões e a lutar nas ruas pela moralização de Cuba e, também, de todos aqueles que estão no exílio, numa posição militante", declarou Guillermo Farinas à Agência Lusa.
Para o dissidente cubano, o Prémio Sakharov é igualmente um aviso "dos homens e mulheres de boa vontade" ao governo de Havana. "O prémio é também uma advertência ao governo cubano pela violação dos Direitos Humanos aqui nesta ilha, que continua evidente, e que é notada por todos os países civilizados e pelos homens e mulheres de boa vontade deste planeta", afirmou.
O dissente cubano garantiu ainda que vai "continuar a luta até se conseguir a moralização do país". "E oxalá seja o mais cedo possível", concluiu.
O laureado é um ciberjornalista e director da agência online Cubanacan Press (ilegalizada) e membro do movimento clandestino Aliança democrática cubana.
Esta é a terceira vez em menos de dez anos que este galardão é atribuído a um indivíduo ou organização contra o regime cubano, depois do opositor Oswaldo Paya Sardinas em 2002 e das Damas de Branco, movimento de que reúne as mulheres e familiares de dissidente detidos, em 2005.
O prémio será entregue a 15 de Dezembro. Criado em 1998 pelo Parlamento Europeu, o Prémio Sakharov homenageia todos quantos se destacam na luta pela defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão.