Aveiro

Aveiro paga fortuna por não conseguir mudar de operador

Município quer ser ressarcido por ainda não ter contrato pedido em março Arquivo

Câmara impedida de poupar 280 mil euros mensais por falta de resposta do mercado regulado de eletricidade.

A Câmara de Aveiro está, desde março, impedida de ter uma poupança de 66,6% na fatura da eletricidade, porque não conseguir mudar para o mercado regulado. É que a empresa alega não ter condições para o fazer, dentro dos prazos legais, as transições dos contratos. O autarca Ribau Esteves já apresentou queixa, argumentando que a situação está a custar mensalmente "280 mil euros" ao Município.

"Tínhamos um contrato com a EDP Comercial, que terminou em dezembro passado. Quando os preços da eletricidade começaram a disparar, resolvemos mudar para o mercado regulado", conta, ao JN, o presidente da Câmara de Aveiro.

Só 10% transitou

O pedido de transição para a SU Eletricidade (comercializadora do mercado regulado) ocorreu a 10 de março passado. "A empresa tinha 30 dias para fazer a transição dos contratos, ou seja, até 10 de abril. Mas, em finais de agosto, apenas tinham transitado 10% dos contratos", denuncia Ribau.

"A empresa alega que não teve ainda capacidade para passar todos os contratos", acrescenta o autarca social-democrata, estupefacto com a situação e com a justificação, até porque a SU Eletricidade pertence ao mesmo grupo económico que a EDP Comercial.

Queixa no regulador

O certo é que, segundo Ribau Esteves, à conta disso, a Câmara de Aveiro está a pagar "dezenas e dezenas de milhar de euros" a mais do que poderia estar a suportar, se a transição para o mercado regulado de eletricidade já estivesse concretizada.

"Uma coisa é pagar uma fatura de 140 mil euros. Outra é de 420 mil euros. É disso que estamos a falar", especifica o autarca. Ou seja, a Câmara de Aveiro poderia estar a ter uma poupança de 66,6% na conta da eletricidade, isto é, poderia estar a pagar menos 280 mil euros.

Ribau exige que o valor que está a ser cobrado a mais ao Município seja restituído em notas de crédito. "Não podemos estar a ser onerados por causa de dificuldades de uma empresa. Temos que receber os valores que estão a ser cobrados a mais", considera, garantindo que já apresentou queixa na Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

Mudança também no gás

A Câmara de Aveiro também está a tentar mudar para o mercado regulado do gás, seguindo o exemplo da maioria das autarquias, conforme foi revelado no VI Encontro Nacional de Autarcas. "O processo para a transição do gás está a arrancar agora. Não podíamos ter feito antes porque ainda tínhamos o contrato em vigor", diz Ribau Esteves, esperando que não se repita a situação ocorrida com a eletricidade.

Hermana Cruz