Uma jornalista questionou o presidente dos Estados Unidos da América sobre o desbloqueio e divulgação dos arquivos de Jeffrey Epstein - condenado por rede de tráfico sexual de menores - e o chefe de Estado norte-americano chamou "porquinha" a quem o confrontou.
Antes de Donald Trump reverter a posição sobre a divulgação do caso dos ficheiros de Jeffrey Epstein, cuja revelação forçada foi aprovada pela Câmara dos Representantes e pelo Senado, o presidente atacou quem lhe perguntou sobre a polémica, na sexta-feira passada.
Num vídeo que se tornou viral nas últimas horas, o chefe de Estado norte-americano é captado a dizer "cala-te, porquinha" a uma jornalista que o confrontou com o tema. Recorde-se que a documentação que está em causa no processo Epstein - condenado por comandar rede de tráfico sexual com menores de idade que serviria milionários - envolve troca de correspondência, dados e emails trocados entre altas figuras. Recentemente, foi divulgada correspondência do condenado Jeffrey Epstein que descrevia Trump como "perigoso" e que "sabia sobre as raparigas" [alegadamente usadas na rede].
O presidente dos EUA reagiu ao caso alegando desconhecimento e afirmou que o foco deveria estar nos outros nomes referidos na correspondência de Epstein, entre eles o ex-presidente Bill Clinton.
Foi perante esta pergunta, feita pela correspondente da Bloomberg na Casa Branca, Catherine Lucey, que Trump reagiu daquela forma, levando críticos a acusar Trump de tentar "calar a boca das mulheres jornalistas" com "linguagem humilhante".
O Senado norte-americano aprovou, esta terça-feira, 18 de novembro, e por unanimidade, um projeto de lei que obriga o Departamento de Justiça a divulgar os arquivos do caso Jeffrey Epstein. Um voto que surgiu poucas horas após o texto ter passado na Câmara dos Representantes. Os senadores utilizaram um procedimento especial para garantir que o projeto de lei fosse automaticamente considerado aprovado, sem debate ou emendas, assim que fosse enviado pela Câmara dos Representantes.
O projeto será agora enviado para a mesa de Donald Trump, para assinatura, visto que o Presidente dos Estados Unidos já declarou que aprovará a legislação, à qual se opôs por muito tempo.
Em concreto, o projeto exige que o Departamento de Justiça - equivalente ao Ministério da Justiça - divulgue "todos os registos, documentos, comunicações e materiais de investigação não classificados na sua posse que se relacionem com a investigação e acusação de Jeffrey Epstein".
Antes da votação, o Presidente norte-americano voltou a distanciar-se do criminoso sexual, que se suicidou na prisão em 2019. "Não tenho nada a ver com Jeffrey Epstein. Expulsei-o do meu clube há muitos anos porque achava que ele era um pervertido doente e, bem, eu estava certo", disse Donald Trump a jornalistas na Casa Branca ao receber o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.
Durante meses, a Casa Branca tentou travar a votação que se realizou no Congresso, mas agora Donald Trump diz que apoia o projeto e reforçou que não tem "nada a esconder".
Trump, que mantinha amizade com Epstein e até então havia instado os republicanos a votarem contra o projeto, mudou de posição no fim de semana, encorajando os membros do seu partido a apoiar a lei e indicando que está disposto a assiná-la, um passo essencial para a implementação da mesma.
Já os democratas no Congresso afirmaram que, se o Presidente norte-americano realmente quisesse divulgar os arquivos do criminoso sexual condenado, já o teria feito, porque "é evidente" que o Departamento de Justiça, que detém o material, está a agir como um "fantoche" de Donald Trump.
A congressista republicana Marjorie Taylor Greene, cujo apoio Donald Trump retirou publicamente no fim de semana, tem sido uma das vozes mais dissidentes dentro do Partido Republicano, especialmente em relação ao caso Epstein. A republicana da Geórgia expressou dúvidas em relação ao cumprimento da lei por parte do Departamento de Justiça. "O verdadeiro teste será: o Departamento de Justiça libertará os documentos? Ou eles permanecerão retidos para mais investigações?", questionou, referindo-se à investigação ordenada por Trump à relação de Jeffrey Epstein com importantes figuras democratas, incluindo Bill Clinton.