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Opresidente da Câmara de Coimbra afirmou, ontem, que se o Governo transferir os 25 milhões de euros que deve à autarquia, os actuais problemas de tesouraria ficam sanados. Lembre-se que, devido à falta de dinheiro, o Executivo de Carlos Encarnação adiou, há poucos dias, o projecto do Centro Cívico do Planalto do Ingote e prometeu fazer o mesmo com outras obras.
Os problemas de tesouraria têm a ver com a quebra de receitas, mas a questão central prende-se com atrasos nas transferências do Governo. "Estamos a fazer um investimento muito concentrado. Temos uma série de obras prontas e algumas significam antecipações de pagamentos muito elevados, como é o caso da circular externa, em que temos de pagar 20 milhões de euros para receber dez milhões. O Governo comprometeu-se a financiar e não deu dinheiro nenhum", disse o autarca.
Encarnação garante que "a situação financeira da Câmara está longe de ser dramática", mas reconhece atrasos de pagamentos a fornecedores. O autarca do PSD promete continuar a protelar as obras até que o Governo transfira as verbas em dívida. "É uma questão de prudência e de honestidade adiar alguns projectos. Não há que ter alarme, porque tem tudo cobertura orçamental", afirmou o autarca.
Carlos Encarnação diz que não se pode fazer uma comparação entre o cenário que encontrou quando tomou posse, em Janeiro de 2002, e o actual momento. "Não é possível repercutir isso, porque o Executivo anterior pediu um empréstimo de oito milhões de euros, dos quais a Câmara ainda deve cinco milhões. O meu Executivo, por seu turno, foi obrigado a pedir 35 milhões de euros só para fazer um estádio. Por isso, não há comparação possível entre o cenário que herdei e o actual momento", afirmou o edil. Nas últimas semanas - alguns opositores dizem que é fruto de algum nervosismo em virtude da falta de dinheiro - , Encarnação tem estado um tudo-nada mais nervoso em intervenções públicas.
Anteontem, a cerimónia de inauguração da ponte da Boiça, em Ceira, terminou numa troca de acusações com o presidente da Junta de Freguesia, Horácio Santiago (PS), quando este elogiou a anterior gestão autárquica, PS, por ter "aberto concurso para a obra" e reclamou a construção de duas novas travessias para substituir as pontes da Longra e do Cabouco, frisando que basta uma nova cheia para esta última desaparecer.
Encarnação disse que está "farto de ouvir coisas que não são verdade" e frisou que no seu mandato a freguesia de Ceira tem recebido por ano o dobro das transferências efectuadas nos 12 anos de mandatos do PS.