Consumo: Portugal usa mais cartões de pagamentos que a Espanha e regista redução mais acentuada de taxas - Unicre
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Lisboa, 25 Jul (Lusa) - O uso de cartões de pagamento em Portugal é superior, mais rápido e mais seguro do que em Espanha, registando ainda uma redução "mais acentuada e regular" das taxas de serviço cobradas aos comerciantes, conclui um estudo da Unicre.
O estudo da Instituição Financeira de Crédito Unicre, que foi hoje divulgado, analisa o espaço regional ibérico e compara o mercado português com o espanhol em termos de taxas de serviço aos comerciantes na utilização de cartões de pagamentos.
De acordo com o presidente executivo da Unicre, António Ramalho, o estudo visa desmistificar os três mitos sobre o mercado português relativos à qualidade, à quantidade e ao preço.
No que diz respeito à qualidade, António Ramalho considera que os consumidores portugueses gozam de melhores condições e utilizam os cartões de pagamento de forma mais generalizada, rápida, segura e barata que os vizinhos espanhóis, o que se traduz em menos custos, tempo de espera e fraude.
"Parece também evidente que em termos de volume de cartões/máquinas está acima da média, possuindo uma dimensão relativamente poderosa. No ano passado, Portugal registou 300 milhões de transacções, sendo esperado para este ano já 350 milhões. Simultaneamente transaccionou 14,5 mil milhões de euros, esperando-se este ano 15 mil milhões de euros em transacções por cartão", frisou António Ramalho.
O terceiro mito, segundo António Ramalho, diz respeito às taxas de serviço cobradas aos comerciantes. Em Portugal a descida tem sido "mais acentuada, constante e regular", situando-se nos 9 por cento de redução ao ano desde 2002, face a um período de estagnação em Espanha, que apenas conseguiu um valor superior em 2006 devido meramente a "um processo de ajustamento".
Segundo Maria João Carioca, da Unicre, a estratégia portuguesa de "fazer uma guerra continuada" às taxas de serviço (TSC) cobradas aos comerciantes colocou também Portugal em linha com as praticadas em Espanha: em 2006 os valores médios de TSC foram de 1,13 por cento em Espanha face a 1,16 por cento em Portugal.
"Esta diferença é completamente irrelevante", frisou António Ramalho, corroborado por Maria João Carioca que explicou que "numa transacção esta diferença traduz-se em cêntimos" e defendeu que Portugal conseguiu "apanhar o comboio", crescendo num mercado dinâmico e competitivo com um modelo e condições favoráveis.
Mas o "esforço continuado" estendeu-se ainda à taxa máxima de aceitação de cartões de marca internacional em que Portugal está abaixo de Espanha, situando-se 2,25 cento desde Abril. Comparando Portugal e Espanha em 2006, pode dizer-se em enquanto no primeiro a taxa máxima era de 2,50 por cento, no segundo verificou-se que cerca de 10 por cento dos comerciantes continuaram a pagar taxas superiores a 2,75 por cento, subsistindo ainda taxas superiores a 4,5 por cento.
Apesar da existência de algumas diferenças entre os dois mercados em sectores onde a dimensão relativa das empresas é significativamente distinta, pode dizer-se que em sectores com características e perfis de utilização de cartões no dia-a-dia existe um alinhamento de taxas.
O sector da restauração é um exemplo: em 2006 a taxa média aplicada em Portugal foi de 1,7 por cento e em Espanha 1,68 por cento.
No entanto, lembra Maria João Carioca, a comodidade do uso do cartão no país ainda está condicionada por factores como a riqueza nacional, pelo que os valores usados são inferiores face a Espanha, ou seja, enquanto em Portugal a transacção média ronda os 36 euros, no país vizinho excede os 54 euros.
O mesmo se verifica em relação ao uso de cartões de crédito. Espanha possui também o maior peso das marcas internacionais e dos cartões de crédito, tendo registado no ano passado um volume de aceitação de marcas quase seis vezes superior em Portugal, ou seja, alcançou 79 mil milhões de euros face a 14 mil milhões de euros.
Neste sentido, em Espanha os cartões de crédito representam mais de metade do valor total das transacções (56 %) e cerca de 32 pontos percentuais a mais que em Portugal, onde o peso destas transacções não chega aos 25 por cento.
Diferente é a realidade portuguesa no que toca ao esquema doméstico de débito, ou seja, ao Multibanco onde o país assume um papel de relevo, representando cerca de 40 por cento da facturação total de compras, enquanto em Espanha o esquema doméstico não tem grande relevo no pagamento de compras em ponto de venda, sendo aplicadas as condições das marcas internacionais de cartões, como Visa, MasterCard, American Express, entre outras.
Outra diferença é que enquanto em Portugal os levantamentos em ATM são gratuitos, em Espanha chega a pagar-se até três euros.
Segundo o estudo, o mercado ibérico de pagamentos com cartão é hoje um dos mais desenvolvidos da Europa, tem registado crescimentos significativos e beneficiado de bons níveis de qualidade, possuindo actualmente um "peso considerável"- 10 por cento do PIB europeu.
"Somos um mercado bem infraestruturado. Estamos habituados a ver um ATM, um terminal em cada esquina e temos um grande conjunto de facilidades. O mercado Ibérico está a crescer acima da média europeia. Os portugueses e os espanhóis gostam de usar cartão", disse Maria João Rodrigues.
Mais de 14 por cento dos cartões de pagamento na Europa dos 15 são detidos na Península Ibérica, representando 8 por cento dos pagamentos com cartão.
Nas caixas ATM o peso do mercado ibérico sobre para 20 por cento. Entre as maiores instituições europeias presentes no mercado de pagamento de cartões, como emissores ou acquirers, constam já um número assinalável de representantes ibéricos.
JMG.
Lusa/fim