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Jorge Leitão não tem o percurso normal do jogador de futebol, que começa a dar os primeiros toques aos sete/oito anos. Foi apenas aos 18 que este portuense de 32 anos (14/1/1974), após um torneio, aceitou treinar no Coimbrões, clube gaiense que o contratou como defesa. Um ano depois, após passar por médio-centro e médio-direito, foi adaptado a avançado, posição que hoje ocupa no Beira-Mar.
Ogolo que marcou em Coimbra, e que abriu o activo, à passagem da meia hora, não deu para o Beira-Mar ganhar à Académica, mas fez com que Jorge Leitão, finalmente, tivesse "molhado a sopa" no principal campeonato português, 15 épocas depois de ter começado a jogar a sério nas provas distritais do Porto. Antes de chegar ao principal clube de Aveiro, o avançado auri-negro (camisola 27) jogou no Avintes, também no distrital do Porto, e, já como profissional, alinhou no Feirense (Liga de Honra e 2ª Divisão B), para emigrar, seguidamente, para Inglaterra, onde representou, durante cinco temporadas, o Walsall.
JN|Começar apenas aos 18 anos é um pouco fora do comum. Como analisa a sua carreira?
Jorge Leitão|É verdade que foge um pouco aos parâmetros normais do jogador, que começa aos sete anos a jogar. Eu apenas gostava de jogar nos tempos livres com os amigos, até que aos 18 anos fui convidado a ir treinar ao Coimbrões, no distrital do Porto, à experiência. Fui e fiquei.
JN|Nasceu logo aí um avançado?
JL|Não. Por acaso comecei como defesa. Depois fui para médio-centro e ainda médio-direito. Só na segunda época é que passei a jogar a avançado, posição em que estou e onde me sinto naturalmente melhor.
JN|Nessa altura acreditava que chegaria à principal liga portuguesa?
JL|Não, nem nunca tive essa expectativa. Estar aqui é como concretizar um sonho. Estive cinco anos no Coimbrões e dois no Avintes e nesse tempo entrei em Educação Física no Porto, e estava mais dedicado aos estudos. Só quando aos 25 anos fui para o Feirense e assinei o primeiro contrato como profissional é que me foquei mais no futebol.
JN|E os estudos como estão?
JL|Ainda estou no terceiro ano do curso mas está parado. Agora com o processo de Bolonha estou para ir ver como se encontra a minha situação, mas só penso no reingresso quando acabar a carreira no futebol.
JN|Após o Feirense e a passagem por Inglaterra, o Beira-Mar e a Liga. Como vê esse passo?
JL|Estou satisfeito com o progresso da minha carreira tendo em conta que não tenho "escola". Vim para o Beira-Mar quase a fazer 32 anos e chegámos à Liga, o que me motiva. É bom estar aqui e vamos fazer tudo para continuar.
JN|Com a chegada de Carlos Carvalhal, de novo a titularidade. Como vê este novo fôlego do Beira-Mar mesmo tendo em conta os resultados menos positivos conseguidos?
JL|Estamos a trabalhar bem com novas ideias que custam naturalmente algum tempo a adquirir, mas acredito que estamos no bom caminho, com um tipo de jogo que certamente nos irá favorecer.
JN|A si favoreceu a opção por dois avançados?
JL|Favoreceu. Ao longo dos anos que joguei em Inglaterra foi assim que joguei, ainda que com um outro tipo de 4x4x2. Estou perfeitamente adaptado a jogar mais solto na frente e com o apoio directo de outro colega de equipa. Mas o principal é estar sempre nas contas do treinador.
"Importante é estar
nas contas do treinador"
O possível regresso de Alê à equipa titular, em substituição de Danrlei, e de Ribeiro ao lado direito, saindo do onze Jorge Silva e deslocando Ricardo para o eixo de uma defesa ainda composta por Alcaraz e Tininho, deverão ser as duas alterações de Carlos Carvalhal para a partida de amanhã, frente ao Belenenses. Uma maior segurança defensiva que poucas vezes tem existido (o Beira-Mar tem 24 golos sofridos), é um dos aspectos que o responsável técnico auri-negro tem vindo a trabalhar.