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Há nove anos que embeleza a parede do hall da 9ª Esquadra da PSP do Porto (Infante). A invulgar pintura distingue-se pela imagem dos quatro irmãos Dalton, os bandidos rivais de Lucky Luke, e tornou-se rapidamente numa atracção para quem passa pelas instalações. Mas pode estar "condenada". O JN apurou que o Ministério da Administração Interna pretende converter o edifício policial numa Esquadra do Século XXI, à semelhança da que foi criada no Estoril. As obras de remodelação do imóvel poderão sacrificar o original painél.
Foi em Setembro de 1997 que Nuno Raminhos, recém-licenciado de Belas Artes, e outros três colegas ligados à mesma área puseram mãos à obra numa "tela" pouco vulgar a parede oval da esquadra. Um dos mentores da ideia foi o na altura comandante da esquadra, Leitão da Silva, que defendeu a intervenção como uma "ruptura com a tradição cinzenta das esquadras".
Certo é que, naquele ano, a pintura mereceu elogios do inspector-geral da Administração Interna, Rodrigues Maximiano, e tornou-se desde logo num "alvo" de estudantes de Belas Artes, despertando também a curiosidade do público em geral. Nuno Raminhos sublinhou que foi inclusive contactado por uma editora interessada em fazer com que o seu painél fizesse parte de um roteiro da cidade.
Estudos em curso
Além de conter várias imagens alusivas à Sé e zona envolvente, como a Catedral, o casario, o Mercado Ferreira Borges ou o túnel da Ribeira, a pintura integra os irmãos Dalton acorrentados ao cão Rantanplan. E tem ainda desenhos de um gato, um miúdo descalço a correr, uma caravela e um cavalo. "Elementos decorativos para o painél ficar mais apelativo", explicou o artista, deixando a interpretação daquela miscelânea ao critério de cada um. "Nunca tivémos a intenção de chocar",sublinhou.
Fonte policial confirmou ao JN que o Ministério da Administração Interna está a levar a cabo estudos para a implementação de uma "esquadra do futuro" nas instalações do Infante. A escolha foi feita tendo em conta a localização do imóvel numa zona central da cidade e bastante frequentada por turistas. O facto de ter a seu cargo o policiamento da Baixa também pesou na decisão.
De acordo com a mesma fonte, o futuro da pintura permanece, por enquanto, indefinido "Ainda não se sabe o que lhe vai acontecer.Um arquitecto esteve a avaliar a situação e ficou de apresentar uma proposta". Não há igualmente, para já, prazos para o início das necessárias obras de requalificação.