Corpo do artigo
Islamabad, 03 Jul (Lusa) - Pelo menos 11 pessoas morreram e mais de 100 ficaram hoje feridas num tiroteio entre a polícia e islamitas frente à Mesquita Vermelha de Islamabad, bastião do fundamentalismo, anunciaram os serviços de segurança paquistaneses e fontes hospitalares.
Entre os mortos estão pelo menos dois polícias e um soldado, três civis e o mesmo número de estudantes de teologia (talibãs), além de um empresário e de um jornalista (operador de imagem de televisão), adiantaram as mesmas fontes.
A Mesquita Vermelha de Islamabad (Lal Masjid) estava cercada por forças policiais desde a passada quinta-feira, depois de os imãs exortarem os fiéis à guerra santa (jihad), sequestros em massa e atentados suicidas contra membros do governo.
Anteriormente, o Presidente Pervez Musharraf tentou resolver pelo diálogo as crises com os fundamentalistas, que constituem uma oposição sem precedentes ao seu regime.
Passando à ofensiva, os talibãs sequestraram durante algumas horas seis cidadãos chineses, a quem acusaram de "actividades contra o Islão".
Mesmo sabendo que a mesquita deu recentemente guarida a presumíveis terroristas da Al-Qaida, o governo ainda mandou um mediador - mas em vão - negociar com os extremistas.
O tiroteio começou quando talibãs da madrassa contígua à mesquita tentaram sequestrar polícias, levando as forças especiais dos "rangers" - que montaram barricadas na área e colocaram atiradores nos terraços dos prédios - a responder com gás lacrimogéneo, deixando inconscientes 35 estudantes, precisou o Ministério do Interior.
Esta tentativa de sequestro foi protagonizada por jovens talibãs empunhando "cocktails molotov" e metralhadoras AK-47 Kalashnikov, acompanhados por raparigas usando as tradicionais burqas.
A atitude dos agentes enfureceu os talibãs, que ripostaram a tiro, gerando uma espiral de violência que levou ao encerramento dos comércios num raio de quatro quilómetros e provocou grandes engarrafamentos no trânsito.
Os islamitas apedrejaram dois edifícios públicos, entre os quais o do Ministério do Ambiente, incendiando no pátio uma dúzia de viaturas oficiais.
Musharraf convocou uma reunião de emergência do governo para analisar a situação.
JHM.
Lusa/fim