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Mais do mesmo, talvez seja a expressão que melhor se encaixe na descrição da primeira noite do Festival Tejo, em Azambuja. As expectativas eram elevadas, tendo em conta as alterações inseridas pela organização do evento - a internacionalização do cartaz, anteriormente exclusivamente luso, e a mudança de local.
Mas perante o que se viu e ouviu durante a noite de anteontem na lezíria do Tejo, a aposta da produtora Código 365 falhou na escolha do conteúdo musical das primeiras horas desta sexta edição.
Melo D abriu as hostilidades no Palco Tejo, que tinha como grande aposta os Xutos e Pontapés. Antes, num segundo palco, instalado na Quinta da Marquesa, os Old Jerusalem tiveram a tarefa ingrata de dar as boas-vindas a um público para quem o percurso não passava por assistir aos sons do country/folk alternativo do álbum "Twice the humbling sun".
Desce-se a encosta - terreno íngreme e arenoso o que foi escolhido - e Melo D não convenceu com "Outro universo" e embora "Ponto sem retorno" tenha chamado a atenção, a multidão dispersava-se perante os apelos do ex-vocalista dos Cool-Hipnoise para se dirigirem ao Palco Tejo. Valeu a dedicação.
No cimo do monte, e à falta de cafeína no recinto, Bunnyranch conseguiram mostrar como se tem uma atitude enérgica e excitante em palco. A honra na Quinta da Marquesa estava salva com uma boa mistura de blues e rock. Ficou o apetite de continuar a assistir às composições longas da banda de Kaló.
Mas lá em baixo, Terrakota batiam à porta, enquanto na tenda Artizone , os sons alternativos não agarravam ninguém.
Actuar para uma plateia que espera ansiosamente Xutos não era o melhor cenário para um grupo com nome firmado na worl music. Os Terrakota estiveram irrepreensíveis, como sempre, e com um alinhamento do melhor que têm, mas a habitual mistura de sons e ritmos do "Húmus sapiens" bateu numa ingrata parede de fãs dos senhores do rock português .
Nota positiva para o Micro Audio Waves, banda de Flak. Sons electrónicos e desconexos filaram os que entraram nas ruínas da Quinta. "Dogs pitch" indicia altos voos para uma banda, que aparenta ser esquizofrénica, e que nos coloca num cenário psicadélico.
Em plena madrugada, e perante cerca de duas mil pessoas, Xutos e Pontapés entram no Palco Tejo com a áurea do mais emblemático e conceituado grupo de rock luso. Contra factos não houve argumentos e nem os evidentes problemas de som fizeram arredar pé.
Boa qualidade de execução dos temas de "Mundo ao contrario" num concerto onde se encaixaram, como é evidente, as melodias de duas décadas de existência.
Encosta acima. Os próximos concertos vão ditar se o Festival do Tejo passa a constar da primeira liga dos festivais de Verão, como é intenção da organização.